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Quilombolas do Tocantins criam protocolo de consulta sobre programa ambiental

Documento estabelece regras para garantir o direito de consulta das comunidades afetadas pelo programa ambiental
Lideranças Quilombolas reunidas pela Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Tocantins para elaboração do Protocolo de Consulta aos Quilombos do Tocantins.

Lideranças Quilombolas reunidas pela Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Tocantins para elaboração do Protocolo de Consulta aos Quilombos do Tocantins.

— Comunicação COEQTO

12 de março de 2025

A Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Tocantins (COEQTO) tornou público, nesta terça-feira (11), o Protocolo de Consulta sobre o Programa Jurisdicional de REDD+ do Tocantins. O documento foi elaborado coletivamente por lideranças quilombolas do estado e aprovado durante um encontro realizado entre os dias 21 e 23 de fevereiro, em Palmas.

O protocolo estabelece diretrizes para a realização da Consulta Livre, Prévia e Informada nos territórios quilombolas, conforme previsto na Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Essa convenção garante que povos e comunidades tradicionais sejam consultados sobre medidas que possam afetá-los diretamente.

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O documento foi protocolado no dia 5 de março junto ao Ministério Público Federal (MPF), à Defensoria Pública do Tocantins (DPE-TO) e à Secretaria Estadual de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Semarh). O material pode ser consultado no site da COEQTO.

Comunidades quilombolas denunciam falta de transparência

A COEQTO tem acompanhado as discussões sobre o programa REDD+ Jurisdicional do Tocantins e expressa preocupações sobre a falta de transparência e os possíveis impactos do projeto. A organização destaca que a metodologia adotada até o momento não garantiu a consulta adequada das comunidades quilombolas, contrariando o artigo 6º da Convenção 169 da OIT.

Entre as principais denúncias estão a ausência de informações detalhadas sobre os benefícios e riscos do REDD+, a falta de clareza na distribuição de recursos e os impactos socioambientais, incluindo a ameaça da “grilagem verde” — a ocupação irregular de terras sob o pretexto de preservação ambiental. 

Além disso, há preocupação com o favorecimento de setores historicamente responsáveis pelo desmatamento, como o agronegócio e grandes empresas de energia.

Impactos ambientais e avanço do agronegócio em Tocantins

Dados do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) mostram que a região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) concentrou 82% do desmatamento do Cerrado em 2024, com a perda de 586 mil hectares de vegetação nativa. O Tocantins foi o segundo estado mais afetado, com 171 mil hectares desmatados.

O agronegócio continua sendo o principal responsável pelas emissões de gases de efeito estufa no Brasil. Especialistas alertam que programas como o REDD+ podem desviar o foco do combate real às mudanças climáticas, permitindo que grandes empresas continuem explorando os recursos naturais sem reduzir suas emissões.

A COEQTO exige que o Estado cumpra o Decreto 4887 e garanta a regularização dos territórios quilombolas no Tocantins. Atualmente, nenhuma comunidade tem seu território titulado, o que gera insegurança e conflitos fundiários.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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