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Reitora negra toma posse no estado da Bahia

28 de junho de 2018

Joana Luz foi eleita com 64,82% dos votos e tem propostas para criação de mais colégios universitários em municípios da região, incluindo aldeias indígenas e comunidades quilombolas

Texto / Thalyta Martins
Imagem / Ministério da Educação

Joana Angélica Guimarães da Luz é a mais nova reitora da UFSB (Universidade Federal do Sul da Bahia). Ela tomou posse na quarta-feira (20), na sede do MEC, em Brasília.

Joana é a única mulher negra reitora em exercício em uma universidade federal no Brasil e a posse lhe dá o direito de tomar as decisões da universidade pelos próximos quatro anos.

De acordo com matéria publicada no site da universidade, a ANDIFES (Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior), que engloba 63 universidades, contabiliza 19 mulheres à frente de universidades federais, duas ex-reitoras negras e apenas uma em exercício – no caso, Joana Luz.

Formada em geologia e doutora em engenharia ambiental, a nova reitora conta com 12 anos de experiência em gestão na área de educação no estado da Bahia no currículo e com participação na implantação da UFSB na região, entre outras qualificações.

Celebração e responsabilidade

De acordo com Joana, ser a primeira mulher negra reitora eleita em uma universidade federal é motivo de celebração e muita responsabilidade, pois apesar da implantação de políticas de inserção da população negra nas universidades brasileiras, a maioria dos espaços de poder na universidade continua limitada para pessoas brancas. “O número de professores negros ainda é bastante limitado. Temos muito a avançar”, afirmou.

Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010 apontou que do total de professores universitários e do ensino superior, 66,7% correspondia à brancos e 31,8% a negros.

A reitora atribui a responsabilidade ao fato de sua posse simbolizar a representação de uma categoria até aqui alijada, que sofreu e sofre preconceito. “Temos de provar sempre que temos capacidade. Somos periodicamente olhadas com desconfiança em relação à nossa capacidade intelectual. Logo, a cobrança é sempre muito maior.”

A nova reitora considera também que é necessário estabelecer critérios mais robustos para a inclusão de pessoas negras no ambiente acadêmico para poder ser plenamente representada.

Propostas

Algumas das propostas da reitora abrangem a ampliação de ofertas de vagas para o ingresso na instituição e do quadro de professores e técnicos administrativos. Além disso, outra demanda é melhorar as condições de infraestrutura para haver mais qualidade e melhores condições de trabalho aos funcionários.

Em entrevista ao Alma Preta, Joana Luz explicou que o modelo prevê também a criação de colégios universitários em diversos municípios da região, incluindo aldeias indígenas e comunidades quilombolas. “Até o momento, temos oito colégios com este perfil em funcionamento e pretendemos ampliar essa rede.”

A instituição

Em funcionamento há cinco anos, a UFSB está instalada no extremo Sul da Bahia, em três municípios: Itabuna, Porto Seguro e Teixeira de Freitas, locais que abrigam expressiva massa populacional negra e é marcada por histórico de exploração, desigualdade e injustiça.

Dados do Atlas Brasil de 2010 evidenciam que 12,73% da população municipal de Itabuna com 25 anos ou mais eram analfabetos, 53,66% tinham o ensino fundamental completo, 38,73% possuíam o ensino médio completo e apenas 9,13%, o superior completo.

Joana Luz foi eleita pela comunidade acadêmica com 64,82% dos votos, em consulta realizada em de novembro de 2017. Antes disso, ocupou o cargo de vice-reitora na gestão anterior, realizada pelo professor Naomar Monteiro de Almeida Filho, que permaneceu pro tempore do início das atividades da instituição até a consulta.

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