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RJ registra 434 casos de auto de resistência só nos primeiros quatro meses do ano

9 de maio de 2019

Estes são os piores números dos últimos 20 anos; em artigo, Gizele Martins pontua como o estado vive um aumento da militarização da vida legitimado pelos próprios governantes

Texto / Gizele Martins | Imagem / Bento Fabio / Coletivo Papo Reto | Edição / Simone Freire

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O Instituto de Segurança Pública (ISP) registrou 434 casos de auto de resistência só nos primeiros quatro meses deste ano no Rio de Janeiro. Estes são os piores números dos últimos 20 anos.

O estado do Rio vive um aumento da militarização da vida legitimado pelos próprios governantes. Exemplo disso é a fala de Wilson Witzel, governador do Rio que, em 2018, antes de tomar posse, em entrevista ao Jornal O Estado de São Paulo, já fazia afirmações que sinalizam a sua postura em relação à segurança pública do estado: “O correto é matar o bandido que está de fuzil. A polícia vai fazer o correto: vai mirar na cabecinha e… fogo! Para não ter erro”.

Recentemente, Witzel também divulgou vídeos em suas redes sociais participando de uma operação policial junto com o prefeito da cidade de Angra dos Reis, Fernando Antônio Ceciliano Jordão, a bordo de um helicóptero da polícia. As imagens veiculadas pela imprensa feitas deste helicóptero, e também por moradores daquela cidade, demonstram que tiros foram disparados contra a população civil.

No vídeo, o governador verbaliza, inclusive, que “está iniciando uma operação com a CORE para dar fim à criminalidade”. Falas e práticas como estas legitimam a “ordem para matar”, não por acaso, os números de mortes cometidos pelas polícias do Rio só aumentam.

No dia seguinte a esta aparição do governador junto a CORE no helicóptero, mais de cinco favelas do Rio de Janeiro sofreram com operações policiais. Umas delas foi o Conjunto de Favelas da Maré, localizada na Zona Norte do Rio, onde oito pessoas foram assassinadas durante a operação que durou mais de 10 horas, com uso de aparatos bélicos como: blindados aéreos e terrestres, chamados popularmente de caveirões. Só nesta operação, mais de 100 tiros foram disparados pelo helicóptero atingindo as ruas, as casas, as vidas negras e faveladas do local.

As operações policiais com uso do helicóptero blindado fazem aumentar o tempo das operações nas favelas e periferias. Estas ações paralisam o cotidiano de todo o território, são escolas e postos de saúde fechados; comércios sem funcionar, os moradores e moradoras não conseguem ir aos seus locais de trabalho, sem contar no trauma psicológico que todos sofrem durante e após um dia de terror como este.

Geralmente, a cada ação da polícia como esta, vidas negras são interrompidas e é isto o que precisamos pautar, que a política militarizada da segurança pública do Rio, é racista, genocida, fascista.

Políticas e práticas como estas necessitam ser combatidas por todos da população que sofrem com a militarização da vida. Esta semana, por exemplo, uma destas práticas, e na forma de dar voz ao povo que sofre cotidianamente com a política racista brasileira – forma independente, autônoma e coletiva -, movimentos negros de todo o Brasil estão reunidos na Jamaica participando de audiência da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).

Na audiência, que será nesta quinta-feira (9), fatos como estes serão colocados em discussão. Junto a isso, todo o pacote de medidas do ministro da Justiça Sergio Moro, que visa mudar o Código Penal e Eleitoral brasileiro, será denunciado. O objetivo é mostrar como os reais impactos do pacote à população negra, maior parte da população brasileira.

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