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‘São lições da cultura africana’, diz tradutora de livro sobre nomes africanos

Livro com nomes africanos e seus significados foi traduzido para o português com o objetivo de fomentar a adoção de nomes de origem africana no país

27 de novembro de 2019

Com 1.046 nomes africanos e seus respectivos significados, organizados por gênero e região, “O Livro dos Nomes Africanos” foi lançado em novembro no Brasil. A obra do autor afro-americano Molefi Kete Asante foi traduzida para o português pela instituição Afrocentricidade Internacional.

De acordo com Anin Urasse, uma das responsáveis pelo processo de tradução do livro, o objetivo é fomentar a adoção de nomes de origem africana no país.

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“Ainda temos poucas crianças brasileiras com nomes africanos. Até mesmo entre os filhos de pessoas envolvidas na militância negra e cientes de que os nomes ocidentais não pertencem à cultura do nosso povo”, explica.

Para ela, o compilado de nomes africanos que a obra traz é também uma forma de preservar a cultura africana. “É um livro importante para não deixarmos a cultura negra morrer. Nossa cultura é o nosso sistema imunológico e o que nos caracteriza enquanto africanos da diáspora. A adoção de um nome não é algo simples, há uma mensagem cultural, psicológica e histórica inclusa”, acrescenta.

A revisão técnica e gramatical do livro foi feita por Abiṣogun Ọlátúnjí Odùduwà, Ammit Garvey e Zaus Kush. Juntos à Anin Urasse, eles revisaram o significado de cada nome e discutiram a tradução dos possíveis significados.

“Foi um processo muito rico de aprendizado e reflexão conjunta, além da responsabilidade de traduzir uma obra como essa para que as pessoas negras nomeiem seus filhos. Não é qualquer leitura. Os nomes trazem lições da cultura africana”, comenta Anin.

Financiamento do movimento negro

O dinheiro arrecadado com as vendas do livro será usado para financiar organizações do movimento negro que realizem trabalhos de longo prazo, como é o caso da Afrocentricidade Internacional e de um terreiro de candomblé de Salvador, na Bahia.

Um dos desafios é conscientizar os negros consumidores de literatura sobre a importância de financiar iniciativas do movimento negro.

“Dentro da militância há uma dificuldade de financiar o trabalho de pessoas negras, porque nós temos uma relação muito mal resolvida com o dinheiro. Como se isso fosse um erro ou até algo contra a cartilha do que é ser um militante. É uma incompreensão de para aonde vai o dinheiro. As pessoas precisam entender que o auto financiamento dos movimentos pretos é essencial para uma atuação verdadeiramente autônoma”, avalia Anin.

“O Livro dos Nomes Africanos” está disponível para venda no valor de R$ 30. Basta entrar em contato com a Afrocentricidade Internacional.

Ficha técnica:

Coordenação Geral: Afrocentricidade Internacional

Autoria: Molefi Kete Asante

Tradução e notas: Anin Urasse

Revisão técnica e gramatical: Abiṣogun Ọlátúnjí Odùduwà, Gabriel L. Alves (Ammit Garvey) e Zaus Kush

Logística: Adanne Mukamtagara

Colaboração: Mirembe Nombeko, Bruno Amani e Mpenzi Rocha

Capa: Zaus Kush

Projeto gráfico e diagramação: Abisogun Olatunji

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  • Nataly Simões

    Jornalista de formação e editora na Alma Preta. Atua há seis anos na cobertura das temáticas de Diversidade, Raça, Gênero e Direitos Humanos. Em 2023, como editora da Alma Preta, foi eleita uma das 50 jornalistas negras mais admiradas da imprensa brasileira.

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