A desigualdade econômica e a segregação residencial presentes na sociedade brasileira são fatores que afetam o acesso à saúde e tratamentos de qualidade no ambiente urbano. A conclusão é do estudo “Síntese de evidências sobre saúde no município de São Paulo”, elaborado pelo Insper e pela Umane.
O relatório analisou evidências dos 96 distritos administrativos da cidade entre 2010 e 2019. O documento visa contribuir para a melhoria na saúde de São Paulo por meio da identificação de áreas de maior risco para mortalidade materna, doenças cardiovasculares e Diabetes Mellitus tipo II.
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Para isso, foram considerados dados disponíveis para acesso público, como bases cartográficas, dados populacionais, dados epidemiológicos, dados socioeconômicos e de recursos de saúde, em uma avaliação que leva em conta faixa etária e sexo da população.
Os dados evidenciam uma grande desigualdade entre os distritos. A taxa de mortalidade por Diabetes Mellitus, por exemplo, é de 0,21 em Moema, distrito considerado como uma das regiões mais nobres de São Paulo, e de 2,02 no Jardim Helena, bairro da zona leste paulistana.
Há também um crescimento médio anual do risco de mortalidade de 6,7% entre mulheres, e 2,0% entre os homens, na faixa de idade de 30 a 39 anos. Além disso, 38% da variabilidade do risco de mortalidade prematura pela doença entre mulheres com 30 a 69 anos foi explicada por condições socioeconômicas.
No caso das doenças cerebrovasculares, a tendência se mantém. A taxa de mortalidade entre homens fica em 0,1 em Moema e 1,7 em Perus, distrito situado na zona noroeste do município. Nas faixas etárias de 40 a 49 anos e 50 a 59 anos o maior risco encontrado foi no distrito do Grajaú, bairro periférico da zona sul.
Em geral, os resultados para a mortalidade prematura por doenças do tipo entre mulheres indicam alto risco em distritos do extremo leste e sul e nos distritos de Brasilândia e Cachoeirinha.
Também foi observado um aumento no risco de mortalidade por doenças isquêmicas do coração em todo o município, especialmente entre homens nas faixas etárias de 30 a 39 anos e de 60 a 69 anos.
As condições socioeconômicas explicam 23% da variabilidade deste risco no sexo masculino. Entre os dois gêneros, a maior taxa padronizada foi registrada na Brasilândia (1,7), enquanto a menor foi em Alto de Pinheiros (0,2), bairro rico localizado na zona oeste do município.
O relatório também indica propostas de ação para solucionar os problemas apresentados. Para os autores, utilizar os recursos públicos de forma mais eficiente, ao focar nos distritos mais vulneráveis socioeconomicamente, é a melhor forma de promover uma maior equidade.