Único censo a contabilizar a população escrava (1872) mostrou que cerca de 15% dos brasileiros estava sob aquele modelo de trabalho; porcentagem aplicada hoje chegaria em 30 milhões de pessoas
Texto / Pedro Borges
Imagem / Divulgação
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Se o regime escravista persistisse, cerca de 30 milhões de pessoas ainda trabalhariam nessa condição no país. O número é uma estimativa baseada no único censo sobre a população brasileira, feito em 1872, a levar em consideração e identificar os negros escravizados.
De acordo com a estatística, dos 10 milhões de habitantes residentes no país na época, 15,24% eram seres humanos escravizados. A população brasileira hoje é muito maior e chega próxima das 208 milhões de pessoas. Se o escravismo ainda persistisse e fatia semelhante mantivesse o trabalho escravo, 31,2 milhões de brasileiros estariam nessas condições.
Vale destacar que o número de escravizados no fim do século XIX era menor, em percentual e em dados absolutos, se comparado com outros períodos históricos do país. Naquela altura, o tráfico de seres humanos já havia sido proibido no país, com a ratificação da Lei Eusébio de Queiroz em 1850, e a nação se aproximava do fim do escravismo, em 13 de Maio de 1888.
A quantia se torna ainda mais expressiva quando a comparação se restringe aos números populacionais da comunidade negra. Representante de 54% do continente nacional, os pretos e pardos somam cerca de 112 milhões de pessoas. Considerando as mesmas estatísticas e o fato do escravismo ter sido restrito aos grupos negro e indígena, 34,7% dos afro-brasileiros hoje trabalhariam de maneira forçada.
Apesar da comparação histórica ser impossível, devido às singularidades dos dois períodos, o número ajuda a visualizar a perversidade do regime escravista no Brasil.