A seca extrema na Amazônia, associada às mudanças climáticas, afeta diretamente mais de 420 mil crianças, especialmente em comunidades indígenas do Brasil, Peru e Colômbia, onde a população depende dos rios para acessar alimentos, assistência médica e escolas.
Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), órgão que protege e defende os direitos de crianças e adolescentes, os efeitos da estiagem incluem o fechamento de escolas e postos de saúde e uma piora nas condições de nutrição e saúde infantil, além do aumento de doenças como dengue e malária.
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“Assistimos à devastação de um ecossistema essencial, do qual dependem inúmeras famílias. Muitas crianças estão sem acesso adequado à comida, água e serviços essenciais”, afirmou Catherine Russell, diretora-executiva do Unicef.
Os impactos da seca são severos em toda a bacia amazônica, que abrange nove países, com destaque para o Brasil, onde o Amazonas e seus afluentes — fundamentais para a locomoção e a economia locais — quase secaram.
“Os rios são como estradas na Amazônia. Sem eles, o acesso a serviços e alimentos é interrompido, bloqueando a economia local“, explicou Antonio Marro, gerente de emergências do Unicef para a América Latina.
Além das dificuldades logísticas, o Unicef alerta para um agravamento da situação de segurança infantil na Colômbia, onde crianças de áreas isoladas enfrentam um maior risco de recrutamento por grupos armados. A emergência levou os governos da região a implementarem planos de ajuda, mas a vasta extensão territorial e o isolamento das comunidades indígenas complicam o socorro.
Apenas no Brasil, mais de 1.700 escolas e 760 centros de saúde estão fechados ou inacessíveis, enquanto no Peru o departamento de Loreto registrou o fechamento de 50 postos de saúde. Na Colômbia, 130 escolas foram forçadas a suspender as aulas devido à crise.
Com a aproximação da conferência climática da ONU, a COP29, o Unicef solicita US$ 10 milhões (cerca de R$ 57,6 milhões) em doações para atender à emergência e garantir suporte às comunidades afetadas.
Texto com informações da Agence France-Presse.