A seca extrema afetou 42 territórios e cerca de três mil domicílios indígenas em julho deste ano, impactando 15 povos originários, incluindo um isolado. Os dados são do relatório “Amazônia à Beira do Colapso”, elaborado pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab). O documento será debatido durante a Semana do Clima em Nova York, de 22 a 29 de setembro, um dos eventos mais relevantes sobre mudanças climáticas no mundo.
Além das comunidades indígenas, o relatório destaca o fechamento de 110 escolas e 40 unidades de saúde nas terras afetadas. A seca mais severa foi registrada no estado do Amazonas, mas outros estados da Amazônia Legal, como Acre, Roraima, Amapá, Pará, Maranhão, Tocantins, Mato Grosso e Rondônia, também foram duramente impactados.
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O Monitor de Secas da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) apresenta uma análise detalhada do agravamento da seca desde maio. O Maranhão, por exemplo, passou de seca moderada a grave em janeiro, cenário repetido no leste do Pará e no sul de Tocantins. Mato Grosso e Rondônia enfrentaram secas excepcionais já no início do ano, mas, de maio a agosto, a situação piorou significativamente em vários estados.
Em uma avaliação detalhada por estado, a equipe do Monitor de Secas da ANA ressalta que, com exceção do Acre, todos apresentam impactos de longo e curto prazo. Rios como o Iaco, no município de Sena Madureira (AC), registram os menores níveis de sua história, com apenas 30 cm de profundidade, seguido por 31 cm em registros anteriores.
Além do rio Iaco, o rio Madeira e seus afluentes também estão sob alerta máximo. Nove afluentes da bacia do rio Acre estão em condições críticas. Em paralelo, a qualidade do ar em cidades como Rio Branco e Porto Acre atingiu níveis alarmantes nesta terça-feira (24), conforme informado pela ANA.
Este cenário de seca extrema e suas consequências serão abordados na Semana do Clima, com o objetivo de pressionar os órgãos competentes por ações concretas contra o avanço da crise climática, que já impacta de maneira negativa as comunidades indígenas e o ecossistema amazônico.