Na quarta-feira (19), a Federação Nacional das Escolas de Samba (Fenasamba) denunciou a Secretaria de Cultura de Canoas (RS) por proibir sambas-enredo relacionados a religiões de matriz africana, comunidade negra e LGBTQIAPN+ no desfile de Carnaval.
Segundo a nota da entidade, a declaração foi dada pelo secretário municipal de Cultura e Turismo, Pinheiro Neto, durante uma reunião com a Associação das Escolas de Samba de Canoas (AESC) no dia 29 de janeiro.
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Neto teria afirmado que a prefeitura da cidade cederia o Parque Eduardo Gomes, no bairro Fátima, para a realização dos desfiles, sem recursos públicos. Em contrapartida, as entidades carnavalescas não poderiam apresentar enredos sobre os temas.
Para a Fenasamba, a atitude preconceituosa da administração canoense configura racismo e intolerância religioso, este tipificado no Código Penal Brasileiro. A entidade se colocou à disposição da AESC para formalizar uma denúncia no Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS).
“O Carnaval, a maior manifestação cultural do povo brasileiro, é uma festa preta, de resistência, de preservação de nossa ancestralidade, democrática e inclusiva. Não iremos permitir que atitudes como essas calem nossa voz e silenciem nossos tambores”, diz trecho da nota.
Em nota publicada no X (antigo Twitter), a deputada estadual Bruna Rodrigues (PCdoB-RS) repudiou a atuação da prefeitura, a qual classificou como “intolerância”.
“A atitude tomada pela prefeitura de Canoas fala muito sobre o lugar em que nosso povo é visto. Defender o direito ao Carnaval não tem contradição alguma com investir em áreas como saúde e educação — pelo contrário, é potencializar a indústria criativa na cidade”, declarou.
A Alma Preta tentou contato com a Prefeitura de Canoas para buscar um posicionamento sobre a denúncia, mas não obteve resposta até o momento da publicação deste texto. O espaço segue aberto.