A sede da escola de samba Deixa Falar, em Belém, foi invadida e depredada por um grupo de homens, com apoio de agentes da Polícia Civil do Estado do Pará, na madrugada desta quinta-feira (10).
Paredes do imóvel, localizado há mais de 30 anos na Travessa Cesário Alvim, bairro da Cidade Velha, chegaram a ser derrubadas pelo grupo, que utilizou materiais de construção na ação.
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De acordo com a assessoria da Escolas de Samba Associadas (ESA), os agentes da Polícia Civil estavam armados e impediram que os proprietários da sede realizassem qualquer tipo de intervenção para parar os vândalos.
Ainda segundo a ESA, as placas das viaturas não eram visíveis. Também não foi apresentado um mandado judicial ou outra documentação que justificasse a operação.
O Grêmio Recreativo Cultural e Carnavalesco Deixa Falar é uma das escolas mais tradicionais de Belém. Em 2025, a agremiação ganhou destaque nacional no Carnaval do Rio de Janeiro ao compor o samba-enredo que a Grande Rio levou à Marquês de Sapucaí.
A diretoria da escola de samba denunciou o caráter violento da ação e cobrou respostas das autoridades. “É uma violência contra a cultura popular, contra a história da nossa cidade e contra uma instituição que promove arte, inclusão e cidadania há mais de três décadas”, afirma o presidente da Deixa Falar, Esmael Tavares.
A ESA destacou que essa ação marca um golpe à história da agremiação e do carnaval paraense. A entidade disse que medidas jurídicas estão sendo tomadas.
“Absurdo que autoridades garantidoras de direitos apoiem tamanha arbitrariedade, sem apresentação de nenhum documento que valide a ação”, pontuou o presidente da ESA, Fernando Guga.
Procurada pela Alma Preta, a Polícia Civil do Estado do Pará afirmou não ser verdade “que agentes da instituição invadiram um imóvel no bairro da Cidade Velha, em Belém.”
Segundo comunicado enviado à reportagem, “uma equipe da Divisão de Investigação e Operações Especiais (DIOE) foi acionada após receber uma denúncia, feita pelo dono do local, de apropriação indevida do prédio. A Polícia Civil foi até o imóvel para identificar e intimar os responsáveis pelo crime. Uma pessoa compareceu à DIOE para prestar esclarecimentos, onde, em seguida, foi feito um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) por esbulho possessório, além de assinar um Termo de Compromisso de Comparecimento à Justiça quando convocada.”