A defesa do lutador de MMA Felipe Patrício (20) e do rapper João Igo (37) pediu o arquivamento de uma denúncia do Ministério Público que os acusa de roubo. Os dois homens são negros e, segundo a defesa, não há provas concretas que confirmem o crime ou justifiquem uma ação do Estado contra os dois. O juiz José Paulo Camargo Magano, do Tribunal de Justiça de São Paulo negou o pedido de arquivamento do processo.
Felipe e João foram presos no dia 2 de janeiro de 2021 e desde então lideranças populares da periferia onde eles moravam têm se mobilizado para pedir justiça. Um pedido de habeas corpus foi aceito no dia 14 de janeiro, mas a denúncia que envolve os dois moradores do Campo Limpo se mantém.
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
“Nós vamos no processo até o final para provar a inocência deles. Estamos tentando todas as provas possíveis”, diz a advogada Irene Maestro, uma das advogadas da Luta Popular, que atua na defesa dos acusados.
Imagens de câmeras de segurança coletadas pela defesa mostram o trajeto feito por Felipe e João até o Terminal Pinheiros, onde foram presos. Irene conta que a única prova apresentada pelo MP na denúncia é o testemunho de um motorista de aplicativo que não viu o crime, mas prestou depoimentos a partir da descrição dos criminosos feita pela vítima. “Eles reconheceram que são dois jovens pretos, esse é o fato”, argumenta a defesa.
As imagens mostram o trajeto de Felipe e João, saindo da Rua Amaro Cavalheiro até o Terminal de ônibus, em Pinheiros
“O certo seria investigar, formar uma convicção mínima que atenda os processos legais e levar ao processo, mas não houve nenhuma investigação”, explica Irene.
Entenda o caso
De acordo com o boletim de ocorrência, assinado pelo delegado Rafael Moreira Cantoni, a acusação é de que Felipe e João roubaram uma bolsa, um celular, um relógio e outros pertences de uma mulher na Rua Paes Leme, em Pinheiros, bairro rico da Zona Oeste de São Paulo. O crime aconteceu no dia 2 de janeiro, às 21h no local onde os jovens passaram às 21h25, segundo as imagens de câmeras de segurança.
Os dois foram abordados no Terminal Pinheiros, já a caminho da região de Campo Limpo e foram retirados pela polícia do ônibus em que estavam. Nenhum dos itens roubados estava com Felipe ou João que, mesmo assim, ficaram presos por mais de dez dias até a aprovação do pedido de habeas corpus.
Felipe e João atuam em ações de enfrentamento à fome no período da pandemia e em ações em prol do fomento da cultura nas periferias paulistanas. Segundo a defesa, o objetivo para os próximos dias é pressionar as autoridades através das redes sociais para trancar a ação penal amparada pela denúncia do MP. “O fato da gente se organizar ajuda muito a combater essa violência racista que acomete os nossos”, conclui Irene.