Na terça-feira (29) o governo federal publicou um decreto no qual criou um comitê para gerir a Serra da Baringa (AL), região tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1986 e onde fica localizado o Parque Memorial Quilombo dos Palmares. No decreto, Sérgio Camargo aparece como o chefe do comitê.
O decreto foi publicado no Diário Oficial da União (DOU), assinado pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo ministro do turismo Gilson Machado.
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Grupos culturais e movimentos sociais estão se manifestando contra o decreto desde que ele foi publicado. Principalmente pela escolha de Sérgio Camargo chefiar o comitê, pelo fato de ter criticado em diversos momentos o Zumbi dos Palmares, figura histórica da Serra da Barriga.
Em uma reunião na Fundação Palmares, Sérgio Camargo foi gravado dizendo que “Zumbi dos Palmares é um filho da puta que escravizava pretos”.
“Não tenho que admirar Zumbi dos Palmares, que pra mim era um filho da puta que escravizava pretos. Não tenho que apoiar o Dia da Consciência Negra. Aqui não vai ter, zero – aqui vai ser zero pra (Dia da) Consciência Negra. Quando eu cheguei aqui, tinha eventos até no Amapá, tinha show de pagode com dinheiro da Consciência Negra. Aí, tem que mandar um cara lá, pra viajar, se hospedar, pra fiscalizar… Que palhaçada é essa?”, afirmou.
O Comitê
Segundo o decreto, o comitê deverá auxiliar a Fundação Cultural Palmares a elaborar um plano de gestão da Serra da Barriga; incentivar a participação dos visitantes na preservação do local; propor ações destinadas à preservação ambiental, conservação e à educação ambiental; e divulgar ações e zelar pelo patrimônio cultura e imaterial da Serra da Barriga.
Além de Sérgio Camargo, o comitê será formado por um representante da Diretoria do Patrimônio Afro-brasileiro da Fundação Palmares; um representante da Secretaria Especial de Cultura do Ministério do Turismo; um representante do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional; e um representante da Universidade Federal de Alagoas.
Alguns representantes locais poderão participar mas sem direito de votos, sendo eles um representante das comunidades remanescentes de quilombos de Alagoas; um representante da comunidade de matriz africana de Alagoas; e de moradores de União dos Palmares, Alagoas.
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