“Eu sempre quis falar isso para você, que seu cabelo assusta as pessoas”. A frase foi ouvida pela modelo, ativista e comunicadora Ludmila Cassemiro. Ela foi vítima de injúria racial após um homem branco dizer que o seu cabelo “incomodava” e “assustava” as pessoas enquanto ela caminhava no bairro de Cachoeirinha, em Belo Horizonte.
A denúncia foi feita pela modelo em um vídeo publicado em uma rede social, em que é possível ouvir o homem dizer que sempre quis fazer o comentário sobre o cabelo da modelo. O homem tenta argumentar dizendo que é fotógrafo.
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Em conversa exclusiva com a Alma Preta, Ludmila contou que não imaginava que seria atacada pelo homem por causa do seu cabelo, já que costuma ser abordada na rua para receber elogios, e disse que ficou chocada com os comentários.
“Logo que eu identifiquei que aquela era uma situação racista, eu fiquei sem palavras, eu não tive poder argumentativo naquele momento, o choque foi muito grande. Eu me senti vítima de uma violência, me senti atacada”, narra a modelo.
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Ela diz que tem recebido instrução de advogados e pretende denunciar o caso no Ministério Público de Belo Horizonte. A modelo também vai processar o homem que fez os comentários racistas.
“Vou atrás desse cara, vou encontrar esse cara, e vou processá-lo. Pretendo que a Justiça seja feita e vou continuar usando a minha voz. Não vou me calar”.
Com a repercussão do caso, Ludmila diz que tem recebido mensagens de apoio pela coragem de expor a situação. No entanto, ela diz que também passou a receber diversos comentários negativos na internet que tem afetado a saúde mental dela, que passou por uma depressão profunda há dois anos.
“A gente lutou muito tempo pra se sentir seguro e bem sendo quem a gente é e eu não pretendo abaixar a cabeça, eu não pretendo diminuir quem eu sou […] Dói receber esses comentários, me arrebenta por dentro, mas eles não me fazem morrer, não me param, não limitam os meus passos, muito pelo contrário, eles me desafiam a ser melhor. Então, se eles tentaram me derrubar hoje, amanhã eu vou levantar e vou fazer duas vezes melhor”
Sobre os comentários racistas que têm recebido, Ludmila deixa um recado: “Eles não vão reduzir a minha autoestima, não vão reduzir a minha luta, não vão reduzir a minha história, a minha trajetória e a trajetória dos meus porque eu não estou sozinha e eu não estou representando só a mim mesma, estou representando a toda comunidade negra”, completa.