PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

‘Sinto-me orgulhosa de ser negra’: cubana tricampeã olímpica discute vôlei em encontros no Brasil

Considerada uma das maiores atletas do vôlei, a ex-jogadora Mireya Luis falou com exclusividade à Alma Preta
Jogadoras da seleção cubana de vôlei, da esquerda à direita, Taimairis Aguro (12), Marileny Costa, Mireya Luis (3) e Indira Mestre (9), comemoram vitória sobre o Brasil na semifinal do Campeonato Mundial de Vôlei Feminino, em Osaka, Japão, 11 de novembro de 1998.

Foto: Kazuhiro Nogi/AFP

16 de janeiro de 2024

Com programação inspirada nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris 2024, a 29ª edição do Sesc Verão, com o tema “Se joga no esporte!”, traz a atleta cubana Mireya Luis Hernandes para bate-papos sobre vôlei e a trajetória vitoriosa da ex-jogadora. Os encontros acontecem em 12 unidades do Sesc no estado de São Paulo, até o dia 21 de janeiro: São Carlos (17), Piracicaba (18), Taubaté (20) e São José dos Campos (21). 

Vencedora das Olimpíadas de Barcelona (1992), Atlanta (1996) e Sydney (2000), a atleta de Cuba promove debates sobre o voleibol no Brasil e a sua trajetória de títulos e superação no esporte, no qual chegou a ser subestimada pela baixa estatura. 

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

Conhecida por saltar nas alturas, mesmo com 1,75m, a cubana conheceu o vôlei aos 11 anos por conta de sua irmã, Mirta, que já era atleta na seleção de Camaguey, província onde nasceram, e levava a bola de vôlei para casa aos fins de semana. 

Ainda criança, Mireya precisou provar que poderia integrar a equipe de iniciação esportiva e pulou alto o suficiente para tocar o teto, o que surpreendeu os professores que avaliavam as candidatas.

“Fiquei em frente à professora e disse que tocava o teto, eu não sabia [tocar o teto], mas senti a força interior que me disse que eu tocaria o teto. Ela ficou muito surpresa e pediu ao outro professor que estava fazendo a lista para as matrículas, que me colocasse em primeiro da lista”, contou empolgada a atleta em entrevista à Alma Preta. 

Sobre ser uma referência no voleibol mundial, Mireya diz que sente orgulho de ter feito parte da equipe que contribuiu para o rompimento de tabus relacionados ao povo latino. Para ela, esse esforço contribuiu para que mais pessoas reconhecessem que mulheres negras são inteligentes e fortes e, além de estudar e ser uma engenheira ou advogada, podem jogar e trazer títulos e glórias a sua nação. 

“Sinto-me orgulhosa de ser negra, de ser latina, de ter sido três vezes campeã olímpica, campeã mundial, campeã pan-americana, campeã da copa do mundo. Hoje sou vice-presidente da Confederação Mundial de Voleibol, vice-presidente da Confederação Norte-Centro Americana e Caribenha e de ser um exemplo também para a juventude” disse a atleta

Por conta de uma sequência de vitórias que durou anos entre a seleção cubana e a seleção brasileira dos anos 1990, instalou-se uma das maiores rivalidades do esporte. Mireya explicou a origem de tanta disputa entre as equipes.

Segundo a atleta, a rivalidade nasceu a partir do momento que o Brasil melhorou suas capacidades físicas e descobriu que poderia vencer Cuba. Mireya ainda ressaltou que sempre respeitou as brasileiras pela dedicação, qualidade, força e caráter, e as duas equipes sabiam de suas competências, o que deixava o confronto ainda mais disputado

“Eu sempre me preparei psicologicamente para jogar contra o Brasil porque eu sabia que iria encontrar um oponente muito forte. Para mim o Brasil foi um dos maiores times do mundo e que deu mais dificuldades para o time cubano vencer”, finaliza.

Confira a programação completa do Sesc Verão 2024 no site.

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

  • Patricia Santos

    Jornalista, poeta, fotógrafa e vídeomaker. Moradora do Jardim São Luis, zona sul de São Paulo, apaixonada por conversas sobre territórios, arte periférica e séries investigativas.

Leia Mais

PUBLICIDADE

Destaques

AudioVisual

Podcast

papo-preto-logo

Cotidiano