Em 2023, Sônia Maria de Jesus, uma mulher catarinense de 50 anos, foi resgatada após passar 40 anos em situação de trabalho análogo à escravidão na casa do desembargador Jorge Luiz de Borba e sua esposa, Ana Cristina Gayotto de Borba, em Florianópolis (SC). No entanto, em uma decisão inesperada, a Justiça autorizou que ela voltasse a viver com a família que a escravizou.
A campanha “Sônia Livre” foi criada para lutar pela liberdade de Sônia, liderada pelo Instituto de Pesquisas e Estudos Avançados da Magistratura e Ministério Público do Trabalho (IPEATRA). A campanha destaca ainda que Sônia trabalhava como doméstica desde os nove anos de idade, sem receber salário, sem descanso, e com várias questões de saúde negligenciadas, como sua deficiência auditiva.
Em setembro do mesmo ano, houve um encontro entre Sônia e os investigados, no qual houve forte coação emocional e indução do retorno à casa do casal. Após o retorno, o desembargador impediu o encontro de Sônia com os irmãos biológicos e interrompeu o tratamento psicológico da vítima.
A decisão de que Sônia pudesse retornar a casa dos investigados foi referendada pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Mauro Campbell Marques, que discordou da conclusão do Ministério Público do Trabalho de que Sônia teria sido submetida a condição análoga à escravidão.
A Defensoria Pública da União recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir que os investigados reencontrassem Sônia até o final da investigação, mas teve o pedido negado pelo ministro André Mendonça.