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Unicamp adota cotas raciais

31 de maio de 2017

A Universidade Estadual de Campinas passa a ter cotas raciais no vestibular a partir de 2019; Entre as públicas paulistas, apenas a USP não tem cotas; UNESP adotou sistema próprio em 2014.

Texto: Solon Neto
Imagem: Divulgação

O Conselho Universitário da Universidade Estadual de Campinas, a UNICAMP, aprovou, nesta quarta-feira (30/05), a introdução do sistema de cotas raciais em seu vestibular. As cotas serão implementadas a partir de 2019.
 
O Conselho, conhecido como CONSU, é a mais importante esfera de decisão da universidade e reúne os diretores das faculdades da instituição.
 
A partir da greve realizada em 2016, três audiências públicas foram realizadas sobre o assunto, além da abertura de debate com a comunidade acadêmica liderada por um Grupo de Trabalho (GT) composto de alunos, professores e membros da Frente Pró-Cotas da UNICAMP e Núcleo de Consciência Negra da UNICAMP.
 
Segundo publicado no site Esquerda Diário, o GT levou ao CONSU a proposta de 50% de cotas para estudantes de escola pública, respeitando a proporção populacional por raça no estado de São Paulo: 37,2%, de cotas raciais. Além disso, o GT defendeu a adoção de reserva de vagas de 37,2% também na ampla concorrência. A proposta foi aprovada, e seguirá como meta para uma implementação progressiva da reserva de vagas.
 
A partir da aprovação, um novo Grupo de Trabalho Institucional deve escrever um projeto e definir um calendário para a implementação da medida. O CONSU se reunirá novamente em novembro para deliberar sobre a aprovação dessa última versão do projeto.
 
A votação de hoje chegou a ser transmitida ao vivo pelo site da Universidade.
 
Segundo relatos da reunião, a discussão foi tensa. Apesar da decisão unânime, ao longo da reunião muitos dos presentes se posicionaram contra. O debate foi longo, e teve início às 9h da manhã, tendo seu final apenas no final da tarde.
 
Campanha Internacional
 
A campanha pelas cotas na UNICAMP teve amplo apoio na internet e páginas como a da “Frente Pró-Cotas da UNICAMP” ajudaram a criar pressão sobre a votação, além da expectativa. Uma vez aprovada, a notícia foi comemorada e replicada por militantes sociais conhecidas, como Djamila e Stephanie Ribeiro.
 
A campanha se difundiu para além do país, e contou com o apoio do ator e ativista Danny Glover, que adicionou uma foto sua na rede social Facebook com o logo da campanha Pró-Cotas, escrevendo para seus seguidores:

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Tradução: “O acesso a uma educação pública gratuita e de qualidade é um direito social garantido pela Constituição brasileira. A presença reduzida de estudantes negros e indígenas torna necessária a existência de políticas públicas legítimas que combatam privilégios e exclusões. Então, eu apoio as cotas na Unicamp, Brasil”.
 
USP passa a ser única universidade estadual paulista sem cotas

A UNICAMP se une à Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, a UNESP, que já tem um sistema semelhante desde 2014. O ano marca  o início da política de cotas na instituição. À época, a UNESP reservou 15% de suas vagas para alunos de escola pública, dos quais 35% são reservadas para Pretos, Pardos e Indígenas. A medida é progressiva, e a meta é que a reserva total atinja 50% das vagas em 2018.f
 
Desde 2004, a UNICAMP adotava um sistema de bonificação para pretos, pardos e indígenas, mas não havia reserva de vagas. O sistema anterior garantia ao auto-declarado um acréscimo de pontos para disputar a ampla concorrência.
 
A Universidade de São Paulo, a USP, continua não adotando o sistema. No entanto, algumas faculdades da Universidade utilizam o SISU para reserva de vagas, como noticiado pelo Alma Preta em 2016.

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