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Vereadores negros recebem ameaça de morte em Porto Alegre: ‘Lugar para brancos’

Mensagem enviada por e-mail tem ofensas raciais e LGBTfobicas e cita o nome de três vereadoras negras; bancada negra da capital gaúcha, eleita em 2020, tem cinco vereadores negros de um total de 36 parlamentares

Imagem mostra os vereadores negros que compõem a bancada negra em Porto Alegre.

Foto: Foto: Isabelle Rieger

13 de dezembro de 2021

Em Porto Alegre, as vereadoras negras Laura Sito (PT), Daiana Santos (PCdoB) e Karen Santos (PSOL) foram citadas em um e-mail com uma ameaça de morte enviado na última semana. Na mensagem, uma pessoa que se identifica como moradora do Rio de Janeiro diz que irá até à capital gaúcha para executar os vereadores negros.

O e-mail diz ainda que a Câmara de Vereadores da capital gaúcha é um espaço destinado a “homens brancos de bem”. O texto também tem ofensas LGBTfobicas.

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Diante da ameaça, parlamentares da bancada negra, formada pelas três vereadoras e por Bruna Rodrigues (PCdoB) e Matheus Gomes (PSOL), registraram um boletim de ocorrência (BO) e fizeram um protesto na “Esquina Democrática”, ponto tradicional de manifestações sociais na cidade.

“Não somos apenas cinco vereadores negros, nós representamos milhares da nossa cidade, de territórios, de organizações sociais, de organizações do Movimento Negro e ninguém vai nos intimidar”, disse o vereador Matheus Gomes, do PSOL.

Em outubro, Bruna Rodrigues sofreu um ataque dentro da Câmara quando uma manifestante branca se dirigiu a ela, aos berros, dizendo que ela seria uma “empregada”.

A bancada também solicitou ao presidente da Câmara e à Comissão de Direitos Humanos da Casa que fossem tomadas medidas para garantir a segurança das parlamentares ameaçadas.

Na sexta-feira (10), as vereadoras Daiana e Karen Santos reuniram-se com a subprocuradora-geral para assuntos jurídicos Angela Salton, do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul, para apresentar a denúncia de ameaça de morte, racismo e lesbofobia.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, as ameaças serão investigadas pela delegacia de combate à intolerância criada há um ano, em 10 de dezembro de 2020, em alusão ao Dia Internacional dos Direitos Humanos.

A capital, Porto Alegre, tem cerca de 1,5 milhão de habitantes e apenas 20% se autodeclaram negros, que é a soma de pretos e pardos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A delegacia de combate à intolerância atende vítimas de preconceito ou discriminação de raça, cor, etnia, religião e orientação sexual. Os policiais fizeram um treinamento em três ciclos de qualificação, onde debateram temas como ações afirmativas, políticas públicas, conceitos e legislações específicas.

Após a ameaça de morte, a Câmara dos Veredores ativou o detector de metais para a entrada no prédio e adotou o protocolo de revista individual em cada visitante e também nos servidores.

Leia também: Um ano da morte de Beto Freitas: Movimentos sociais buscam justiça e Carrefour quer limpar seu nome

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