Entre 2022 e 2023, o país registrou um crescimento de 43% nos registros de violência contra pessoas transexuais e travestis. As informações são do Atlas da Violência, produzido pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Os dados, extraídos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, indicam um percentual superior para os casos de violência contra homossexuais e bissexuais, que aumentaram 35% no intervalo analisado.
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Considerando toda a série histórica (2014-2023), o levantamento destaca um crescimento gradual para todos os anos, com exceção de 2019 para 2020. O período apresentou uma alta de 1.110,99% para bissexuais e homossexuais, totalizando 9,8 mil ocorrências.
O índice para os registros de violência contra pessoas transsexuais e travestis também apresentou um aumento significativo. Nos nove anos observados, os casos de violência contra mulheres trans saltaram de 291 para 3,5 mil (1.110,99%). Para os homens trans, a alta foi de 1.607,69%, e, para mulheres travestis, 2.340,74%.
Mesmo com um percentual de crescimento maior para os homens trans, o estudo aponta para um volume de registros de vítimas “num patamar bastante superior” para mulheres transsexuais.
“O aumento substancial de casos de violência [contra pessoas LGBTQIAPN+] parece indicar, efetivamente, aumento na prevalência de violências sofridas
pelo grupo social em questão.”, diz trecho do documento.
Segundo o relatório, o perfil majoritário dessas vítimas é composto majoritariamente por pessoas negras, entre 10 e 29 anos. Mulheres negras transsexuais e travestis representaram, respectivamente, 62% e 48% dos registros. Homens negros trans somaram 65%.
Para o Ipea, os dados demonstram a concentração da vulnerabilidade à violência na população negra em relação às demais categorias da sociedade brasileira.