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Vítima de racismo, ex-funcionário da LATAM pede condenação da empresa

Segundo José Roberto, ter buscado amparo judicial por ter sido vítima de racismo enquanto trabalhava na LATAM o prejudicou na busca por outras oportunidades de emprego na área da aviação

24 de setembro de 2019

O ex-operador de cargas da LATAM, José Roberto dos Santos, aguarda pela resolução de um processo administrativo aberto contra a companhia aérea em 2017. Em abril de 2015, ele sofreu ofensas racistas durante seu expediente de trabalho no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo.

A empresa recebeu uma sentença em fevereiro de 2016 e José Roberto foi indenizado por danos morais. Desde 2017, está em andamento na Secretaria de Justiça e Cidadania da Defensoria Pública do Estado de São Paulo outro processo  para que a empresa seja multada pelo Estado.

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Três meses após receber a indenização, a vítima foi demitida da empresa. A justificativa dada pela LATAM é de que precisava enxugar a folha salarial.

O ex-funcionário lembra que a companhia aérea afirmou que seu desligamento não teve qualquer conexão com práticas discriminatórias. “Eles alegaram trabalhar com diversidade e que minha demissão foi por conta da minha performance”, conta.

Segundo José Roberto, ter buscado amparo judicial por ter sido vítima de racismo enquanto trabalhava na LATAM o prejudicou na busca por outras oportunidades de emprego na área da aviação.

“Depois que eu fui demitido da LATAM, enviei currículo para outras companhias aéreas, mas não fui chamado para nenhuma entrevista. Mesmo com sete anos de experiência no setor, acredito que devam associar minha imagem como um problema”, lamenta.

O caso

José Roberto dos Santos foi alvo de ofensas racistas por um motorista que também era empregado da companhia aérea. O motorista o xingou de “preto safado, sem vergonha”. No dia seguinte, o agressor repetiu as mesmas ofensas.

O supervisor da área foi comunicado e convocou uma reunião no setor de RH da LATAM. O motorista assumiu ter feito as ofensas. Em resposta, o supervisor perguntou qual punição ele gostaria de receber. O agressor recebeu uma advertência em vez de ser demitido.

Indignado com a atitude da empresa, José Roberto denunciou a situação para o Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo. (CRDHPCR).

O caso foi encaminhado ao Ministério do Trabalho, que sugeriu para a LATAM a inclusão, no código de conduta da empresa, de um posicionamento contrário a práticas racistas, além da realização de campanhas ou palestras contra o racismo.

A compahia aérea negou as sugestões do Ministério do Trabalho sob a alegação de que não tinha interesse institucional em adotar tais medidas.

A equipe de reportagem do Alma Preta procurou a LATAM e perguntou qual o posicionamento da companhia aérea em relação ao caso do ex-funcionário José Roberto dos Santos.

A empresa também foi questionada se dispõe de alguma política interna para prevenir casos de racismo, como o treinamento de funcionários sobre a prática desse tipo de crime.

Em nota, a LATAM respondeu que “repudia veementemente qualquer tipo de ofensa e prática discriminatória e reforça que qualquer opinião que contrarie o respeito à diversidade não reflete os valores e os princípios da empresa. A empresa informa ainda que se manifestará nos autos do processo.”.

A Secretaria de Justiça e Cidadania da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, responsável pela ação, também foi procurada pela reportagem. Até a publicação deste texto, o órgão não se manifestou.

ERRAMOS

O texto publicado na manhã de 24 de setembro afirmava que José Roberto do Santos aguardava por uma indenização da LATAM desde 2015. Diferentemente do que foi dito e conforme a alteração realizada no texto, o ex-funcionário da empresa foi indenizado por danos morais. A ação que ainda está em andamento na justiça é para que a companhia aérea seja multada pelo Estado em razão do ocorrido.

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  • Nataly Simões

    Jornalista de formação e editora na Alma Preta. Atua há seis anos na cobertura das temáticas de Diversidade, Raça, Gênero e Direitos Humanos. Em 2023, como editora da Alma Preta, foi eleita uma das 50 jornalistas negras mais admiradas da imprensa brasileira.

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