Abrir seu próprio negócio não é uma tarefa fácil – e Tati Santarelli sabe bem disso. A mineira de 43 anos é CEO da TeamHub, startup de gestão de cultura organizacional fundada em 2018 e parte de uma minoria de apenas 21% de empresas nacionais lideradas por pessoas negras. “Durante muito tempo tive que encarar um ecossistema com vivências bem diferentes das minhas, algo intimidador para quem estava chegando”, diz.
Tatiana e a TeamHub já contrariam as estatísticas. No Brasil, mais de 20% das empresas fecham durante seu primeiro ano de vida, segundo dados do IBGE. E o desafio de se manter na cena empreendedora é ainda maior para a população preta e parda. Barreiras estruturais, como racismo nas agências bancárias e dificuldade de abertura de linhas de crédito ou contas, já limitam o acesso a produtos financeiros.
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Na hora de receber investimentos, o cenário não é muito diferente. Um estudo da Black Rocks mostra que 29,3% das startups de pretos e pardos no Brasil já receberam algum investimento, contra 36% entre não negros. “É uma loucura ter que provar o seu valor o tempo todo”, afirma Tatiana.
Em 2021, a TeamHub recebeu aporte por meio do Semente Preta, fundo de investimento do Nubank que está destinando R$ 1 milhão a startups fundadas e/ou lideradas por empreendedores negros e negras. O projeto começou em março de 2021 e é direcionado a negócios já formalizados nos ramos de serviços financeiros, dados, pessoas, marketing digital, jogos, softwares, aplicativos e programação.
Um começo difícil
Ainda na faculdade, Tatiana começou a trabalhar como secretária em uma empresa de tecnologia e em 4 anos chegou ao cargo de gestora de RH. Em 2014, saiu para empreender pela primeira vez com uma consultoria de desenvolvimento de líderes e times. Depois de ver que o negócio deu certo, ela decidiu inovar no ramo da tecnologia.
A ideia da TeamHub nasceu quanto Tatiana percebeu que seus então clientes tinham bastante dificuldade de gerir processos de contratação e monitorar a cultura organizacional. Em 2018, começou a trabalhar no desenvolvimento do que é hoje uma plataforma online de gestão para empresas.
No entanto, segundo ela, os primeiros profissionais de comunicação e marketing que teve contato não aceitavam a sua imagem para estampar os valores da marca. “O grande choque veio quando me perguntaram: ‘que imagem vamos usar para representar a TeamHub? Você é mulher, negra e gorda. Essa é uma boa imagem para as empresas’?”, conta a empresária.
O Semente Preta
A dificuldade em encontrar apoio fez Tatiana cogitar que o lugar de uma mulher negra empreendedora “não era para ela”, mas encontrou novo fôlego com a oportunidade de participar do “Semente Preta”, do Nubank.
“Inscrevi a TeamHub e o processo de seleção foi um divisor de águas. Ali encontrei pessoas dispostas a conhecer a minha história, o que eu havia construído até aquele momento e como estava conduzindo tudo isso”, diz.
Hoje, além do aporte financeiro, Tatiana e sua empresa fazem parte do ciclo de mentorias oferecido pelo Semente Preta. Ao longo de um ano, as startups, em estágio inicial, receberão apoio para desenvolver os seus negócios.
As inscrições para o Semente Preta, do Nubank, foram divulgadas no início de 2021. As startups selecionadas foram avaliadas levando em conta o uso da tecnologia e inovação em seus produtos, criatividade, estratégia, performance financeira, além de inteligência de dados e negócios. Também foi considerada a bagagem do empreendedor e o posicionamento da empresa no ecossistema de startups.
Saiba mais sobre o programa Semente Preta, do Nubank, aqui.