Um vulcão localizado nas Ilhas Canárias, no litoral do continente africano, entrou em estado de alerta e tem causado preocupação já que foi levantada a possibilidade da erupção pode provocar um tsunami capaz de atingir a costa africana e toda a região Nordeste do Brasil. Segundo o Plano Especial de Proteção Civil e Atenção às Emergências de Risco Vulcânico das Ilhas Canárias (Pevolca), o vulcão Cumbre Vieja está adormecido há décadas e, recentemente, começou a manifestar elevados sinais de atividades sísmicas. Nesta sexta-feira (17), o governo das Canárias emitiu um boletim onde informa que não há dados que comprovem a hipótese da formação de um possível tsunami a partir de uma base científica.
O alerta é classificado em quatro níveis, sendo o vermelho como a notificação de emergência e o mais preocupante. De acordo com o governo das Canárias, a alteração na atividade sísmica tem aumentado desde o último sábado (11). Conforme o Metsul Meteorologia, na última terça (14), foram registrados mais de cem tremores de terra na região.
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“A respeito das notícias veiculadas nos meios de comunicação sobre um possível vulcão no oeste do Cumbre Vieja e consequentemente a formação de um mega tsunami, este Comitê Científico quer enfatizar que não há dados que sustentem essa hipótese, e que carece de uma base científica comprovada”, esclareceu.
O Comitê também completou dizendo que, nas últimas horas, foi registrada uma diminuição geral da atividade sísmica, embora ainda haja uma notável intensidade tanto em profundidades de 6 a 8 km, quanto na superfície. Por isso, o Comitê explica que a sismicidade pode ser temporária, por a necessidade de manter o alerta amarelo.
“A diminuição da sismicidade pode ser temporária e não implica necessariamente na interrupção da reativação vulcânica”, ressalta o Comitê.
Especialistas apontam baixa probabilidade
Diante da repercussão do alerta e do possível impacto para a costa brasileira, especialistas da Rede Sismográfica Brasileira apontam que, mesmo com a probabilidade, o risco do tsunami atingir o Brasil é baixa. Segundo o professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG/USP), Marcelo Assumpção, a teoria foi discutida há 20 anos atrás e os estudos apontaram baixa probabilidade.
“Esse assunto foi discutido na mídia uns 20 ou 30 anos atrás quando foi publicado um trabalho de geólogos americanos sobre a possibilidade de desabamento de uma parte da ilha provocar um tsunami no Brasil. Na época, a conclusão foi de que a probabilidade de que o deslizamento fosse suficientemente grande para provocar um tsunami perigoso era muito pequena”, explicou o especialista.
Assumpção também explicou que para que o tsunami chegue no Brasil seria necessário que o vulcão derrubasse uma parte da ilha, provocando um deslizamento de grande proporção em direção ao mar.
A fala do especialista também foi contemplada pelo professor e coordenador do Laboratório Sismológico da UFRN, Aderson Nascimento. Ele explica que a atividade vulcânica é comum na região das Canárias a possibilidade do fenômeno ocorrer é muito baixa.
“A atividade vulcânica na região das Canárias é comum e é monitorada. Na região do Atlântico não existe sistema alerta porque o risco é baixíssimo”, completa Aderson ressaltando a importância da Rede Sismográfica para monitorar esses eventos.
Você sabia que o Brasil já foi atingido por um tsunami?
Apesar da baixa probabilidade apontada por especialistas, o Brasil já foi atingido por um tsunami. O fenômeno aconteceu em novembro de 1755 quando todo o litoral do Nordeste brasileiro foi afetado pelo tsunami, provocado por um terremoto em Lisboa, capital de Portugal. O desastre destruiu casas e deixou duas pessoas desaparecidas.
#TsunamiNoBrasil ?
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No dia 1o de novembro de 1755, um #tsunami atingiu o litoral do Nordeste brasileiro, destruindo habitações modestas e desaparecendo com duas pessoas. O #maremoto nasceu do #TerremotodeLisboa, que hoje cumpre o seu 265 aniversário. pic.twitter.com/RLTW53NfpL— Rede Sismográfica Brasileira (@SismologiaBR) November 1, 2020