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8 dicas para não ser racista no carnaval

1 de fevereiro de 2018

O Alma Preta preparou uma lista com algumas das ações racistas mais comuns durante o carnaval. A ideia é que todo mundo, de todos os grupos raciais, aproveite a festa.

Texto / Pedro Borges e Thalyta Martina
Imagem / Reprodução/Black Women Brasil

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O carnaval é a época do ano em que as pessoas vão para as ruas fantasiadas, pintadas, cheias de gliter, sempre em companhia dos amigos, e sem vergonha de se divertirem. É também um dos feriados mais esperados pelos brasileiros, com pelo menos cinco dias de risadas, beijos, e muita curtição.

No carnaval, porém, as “brincadeiras” têm limites e não, não vale tudo. O momento de extravasar e curtir deve ser de todos, negros, brancos, héteros, LGBTs, mulheres negras, brancas, pessoas de todas idades, tamanhos, perfis.

Por isso, é bom lembrar que, durante a festa, o racismo continua sendo reprovável e, inclusive, crime, de acordo com a legislação brasileira. O artigo 140 parágrafo 3 do Código Penal Brasileiro diz que ofender a honra de alguém com a utilização de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem pode gerar uma ação penal por injúria racial. A Lei nº 7.716/89 também diz que o racismo é crime inafiançável.

Como forma de orientar todos os foliões, o Alma Preta preparou uma lista para você e seus amigos não serem racistas durante o feriado.

1. Não mande o amigo, colega, conhecido, desconhecido sambar só porque ele é negro

Negros não nascem “com o samba no pé”, afinal não existe um gene específico para essa característica no DNA humano.

Não peça para a pessoa sambar só porque ela é negra, nem diga para um negro que souber sambar que “esse daí não nega a cor”. Isso é racismo.

Carnaval Corpo Globobelza

A globeleza é uma das representações da hipersexualização da mulher negra (Foto: Reprodução/Revista Fórum)

2. Não chame as mulheres negras de Globeleza

As mulheres negras são diversas, têm diferentes tonalidades de pele, formatos de nariz, tamanho, peso, idade, e não são resumidas a uma única figura. Achar que negras e negros são todos iguais é uma das faces do racismo.

A Globeleza também representa a exotificação da mulher negra, vista pela sociedade como objeto sexual, que fica a “disposição” de todos, especialmente no carnaval.

Já repararam que é no carnaval o único momento do ano em que ela é colocada como “padrão” de beleza pela TV? Notaram também que ela sempre está praticamente nua?

3. Homens negros não são apenas um pênis

A ideia de que os homens negros têm um órgão genital desenvolvido constrói um fetiche grande sobre eles durante o feriado festivo. Hipersexualizar homens negros e buscar o sexo com eles, afinal é carnaval, também é racismo.

Carnaval Corpo Crespo Cacheado

Não encoste no cabelo dos outros, porque você tem “curiosidade” (Foto: Ilu Iña)

4. Não toque no cabelo das pessoas

Não faça isso! Você está invadindo o espaço de uma alguém para fazer o que ela não te autorizou. Isso é desrespeitoso.

Os cabelos crespo e cacheado são normais e você não tem que ficar verificando isso. Frases como “nossa, é macio!” “como você lava?” “dá trabalho?” são racistas. Ra-cis-tas.

5. Preste atenção nas suas fantasias

Durante a festa, fantasiar-se é normal, engraçado e bem-vindo, mas isso não significa que você tem que ser racista.

“Fantasiar-se” de negro ou se pintar de preto para representar uma pessoa negra são manifestações racistas.

O mesmo vale para fantasias como a de nega maluca, do ‘negão do whatsapp’, e mesmo perucas black power.

Carnaval Capa Ilu Ina

O carnaval é uma época do ano que todos devem aproveitar sem qualquer opressão (Foto: Reprodução/Ilu Iña)

6. “Por que negros só fazem filhos no carnaval?”

Essa pergunta é comum e totalmente infundada. Negros, assim como brancos, indígenas, asiáticos, nascem todos os dias, durante todos os meses.

É racismo reforçar o imaginário de que negras e negros só pensam em sexo.

7. Seja uma pessoa melhor: reveja sua abordagem

Nada de batucar com as mãos, como se estivesse tocando algum instrumento de percussão, para pessoas negras com o objetivo de fazê-las dançar, nem nada de chamar a mulher negra de “morena” e falar que ela tem a cor do pecado. Isso é racista e machista.

8. As marchinhas

Cantar marchinhas racistas, como a “Cabeleira do Zezé”, é reproduzir o racismo. Tudo o que deturpa a imagem do negro e reforça estereótipos negativos sobre os afro-brasileiros é racista, e, portanto, não é brincadeira.

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