O quilombo do Catucá, em Camaragibe (PE), recebe a primeira exposição individual da artista visual e grafiteira Fany Lima, nomeada “Cura Dor IA: A Ciência Encantada da Cidade “. A mostra retrata suas vivências no movimento Hip Hop e dentro de um terreiro de jurema. A exposição estreia neste sábado(8) e ficará disponível até o dia 31 de março.
A narrativa da exposição retrata as vivências da artista, que transita entre o graffiti e o culto da Jurema Sagrada, evidenciando o diálogo entre a arte urbana contemporânea e as tradições ancestrais. Assim, a rua, a cidade, o terreiro, o corpo-território periférico e as encruzilhadas se tornam espaços comuns, onde essas diversas manifestações culturais e espirituais se encontram.
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O circuito oferece ao público uma oportunidade de compreender como essas diferentes influências se entrelaçam e se manifestam na cultura nordestina. A Jurema, tradição cultural e espiritual originária do Nordeste, tem raízes indígenas e se ramificou ao longo do tempo, incorporando elementos de tradições de matriz africana e do catolicismo popular.
Com grande expressão nos terreiros de Pernambuco, a prática também se faz presente em manifestações culturais, como as sambadas de coco de roda.
A exposição faz parte da programação educativa do Centro Cultural e terreiro de Jurema e Candomblé, reconhecido como ponto de memória pelo Instituto brasileiro de Museus (IBRAM). Parte da obra também contou com a renovação do mural de grafitti sobre o legado de Mãe Flávia de Oyá, matriarca fundadora do espaço cultural e religioso.
Imagem do mural do Centro Cultural. Reprodução/Acervo do Quilombo do Catucá
A trajetória da artista visual
Desde 2016, a artista paulistana Fany reside em Recife, onde iniciou sua graduação em Artes Visuais na Universidade Federal de Pernambuco. Embora suas raízes e conexão familiar estejam firmemente estabelecidas em São Paulo, Fany escolheu morar em Camaragibe, motivada pela sua religiosidade, profundamente ligada ao culto da Jurema Sagrada.
Com uma trajetória profissional de 12 anos e uma caminhada religiosa de aproximadamente sete anos com o Quilombo do Catucá, Fany consolidou suas raízes em Pernambuco, sendo uma importante fomentadora da cena de arte urbana e ancestral da Região Metropolitana do Recife.
Dentre seus projetos, destaca-se o megamural “A Nossa Rainha Já Se Coroou”, realizado em parceria com Nathê Ferreira no bairro da Boa Vista, que foi contemplado pelo edital de Credenciamento para Realização de Intervenções Artísticas em Empenas Cegas, promovido pela Prefeitura do Recife.
Com mais de uma década de dedicação ao movimento Hip Hop e à religiosidade de matriz afroindígena, Fany também é reconhecida pela criação e assistência na execução de murais e megamurais, além de sua participação em exposições coletivas.
“Fui educada pela minha história familiar, pelo Hip Hop e pela minha espiritualidade, com a noção de que o ‘centro’ parte Artista paulistana Fany Lima inaugura 1ª exposição individual no Recifedas minhas raízes e que elas têm um valor inestimável.O Quilombo do Catucá é o meu chão em Pernambuco, que me firma no centro da encruzilhada para escolher meus caminhos. Fazer minha primeira exposição individual aqui, mesmo que um projeto pequeno, se torna muito grande por ser a construção e afirmação de uma autoestima pessoal, profissional e coletiva”, comenta a artista.
Serviço:
“Cura Dor IA: A Ciência Encantada da Cidade”, primeira exposição individual de Fany Lima
Inauguração: 8 de março (sábado) às 18h
Duração: de 8 de março (sábado) à 12 de abril (sábado)
Visitação: segunda a sábado, das 9h às 18h
Local: R. Ana Alves, 443 – Viana, Camaragibe – PE | Centro Cultural Quilombo do Catucá -Ilê Axé Oyá T’Ogun
