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Artistas e ativistas questionam falta de clareza na produção do Mês do Hip-Hop

16 de março de 2018

Pessoas ligadas ao movimento Hip-Hop alegam que a Secretaria de Cultura não disponibilizou acesso à planilha de gastos e a demais aspectos relacionados à organização do evento

Texto / Amauri Eugenio Jr.
Imagem / Hip Hop Dance

O Mês do Hip-Hop começará no sábado (17), no Boulevard São João, às 12h, e terá apresentações de artistas como Thaíde, Dexter e Sampa Crew. Além disso, de acordo com o site da Secretaria de Cultura de São Paulo, o evento contará com mais de 800 atividades distribuídas pelo município.

Para quem olha de fora, trata-se de evento que contempla a cena hip-hop de modo integral. Contudo, a história é bem diferente e tem contornos questionáveis. Artistas e ativistas do movimento hip-hop na cidade alegam que não houve clareza no processo de organização do Mês do Hip-Hop.

Para se ter uma ideia, desde agosto de 2017 reuniões com profissionais, entidades e coletivos ligados ao movimento vinham sendo realizadas com a Secretaria de Cultura para definir quais seriam os trâmites para realizar o evento, mas o que havia sido definido até então passou a ser ignorado pela pasta em janeiro de 2018. Além disso, a planilha de custos relacionados à organização e o processo para a contratação de artistas não foram disponibilizados aos envolvidos e, de quebra, 1.250 artistas da cidade ficaram de fora das atividades que acontecerão até meados de abril.

De acordo com André Luiz dos Santos, conhecido como Rapper Pirata, artista e ativista da cena hip-hop, quem está na coordenação do Núcleo de Hip-Hop ignorou a lei que torna necessária a participação de movimentos sociais no desenvolvimento do projeto. “Durante a execução [da produção do evento] feita pelo governo, o interesse individual do funcionário público atropela o movimento como se ele fosse um dos promotores. Além disso, os artistas são obrigados a assinar documentos em branco feitos por empresas que se enrustiram como lideranças. Isso tudo aconteceu com ordens do secretário, que é autoritário por ser empresário.”

Pontos questionáveis

Alguns pontos levantados pelos membros da cena hip-hop estão relacionados à verba disponível para o Mês do Hip-Hop, que para a edição de 2018 é de R$ 1,5 milhão; o cachê dos artistas, que a priori estava estabelecido em R$ 1,5 mil, sofreu alterações e a Secretaria de Cultura os teria obrigado a assinar documentos em branco e com valores de cachê inferiores ao estabelecido anteriormente; e até mesmo a estrutura dos palcos, segurança e alimentação são incógnitas para o movimento.

Todos esses pontos, somados à truculência e falta de diálogo que artistas da cena hip-hop vêm atribuindo à pasta, vão na contramão do movimento e do conceito do Mês do Hip-Hop, que é pautado pela clareza em decisões tomadas em prol dos artistas e para valorizar os seus respectivos trabalhos. Tanto que foi elaborado documento relativo ao projeto, que foi protocolado com nomes de 600 artistas integrantes da cena artística.

De acordo com Rapper Pirata, os artistas do Fórum Hip-Hop MSP ajudam na organização por meio de articulação com demais nomes da cena, mapeamento e execução do evento mensal. “Vamos ao parlamento, pautamos as rubricas, coisa que o governo nunca faz. Além do hip-hop, defendemos o orçamento para cultura, que é direito. O Estado precisa ter responsabilidade com a coisa pública. Cultura não é showbizz e é direito. Se depender da indústria, você só conhece só meia dúzia de MCs e o hip-hop vai além [de nomes do mainstream]”, especifica o artista, ao falar sobre a quantidade de atrações relativas ao Mês do Hip-Hop. “Tanto que são 1,2 mil ações entre oficinas, debates, shows de MCs, break, grafitti e DJs. Isso tudo é organizado pelo hip-hop da cidade de forma descentralizada.”

O outro lado

Pôde-se ver, por meio de documento da Secretaria de Cultura enviado ao Fórum Hip-Hop MSP em 7 de fevereiro deste ano, que a pasta enfatizara os feitos da gestão em 2017 no que diz respeito a eventos voltados ao movimento. Ainda no mesmo ofício, a secretaria salientou que mesmo com a promoção de diversos encontros com artistas e representantes da cena, não havia “compromissos com artistas e grupos específicos e tampouco organizadores que se dizem porta-vozes do movimento Hip-Hop”.

Em resposta ao Alma Preta, a Secretaria de Cultura informa que a programação de 2018 do Mês do Hip Hop “foi elaborada de forma participativa, com representantes de todas as regiões da cidade, considerando suas particularidades e demandas. Ainda, as conversas entre os envolvidos foram iniciadas ainda em 2017 e foram abertas a todos os interessados e “muitos representantes do movimento Hip-Hop de São Paulo fizeram parte e contribuíram” para o processo. A pasta informa também que as contratações artísticas seguiram o mesmo padrão de todas e serão publicadas no Diário Oficial da Cidade de São Paulo.

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