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Bicha preta afeminada não é carnaval

12 de julho de 2018

O ativista Marco Antonio Fera retrata, em formato de poesia, a polêmica e o reforço de estereótipos da comunidade LGBTQIA+ relacionados ao videoclipe de “Me Solta”, de Nego do Borel

Poesia / Marco Antonio Fera
Imagem / Reprodução / YouTube

Bicha (preta) afeminada não é carnaval,
É motivo de piada, está no alvo da bala,
Leva murro, leva tapa e não é aceita no meio social
O Brasil é o pais que mais se mata LGBTQIA+ no mundo
Na rua, nos becos e vielas
Em casa, em favelas
Na escola ou em festas
A regra é sempre direta
Enxotam nosso corpo para fora da cidade
Simular essa realidade com festa e oba-oba
Assemelha exploração, oportunismo e muito opressão
Nego do Borel pegou onda e carona num bonde que não lhe procede
Nunca esteve em companhia das minas e das monas
Não é representante, nem simpatizante, muito menos militante
De causa social
Quer estar no foco, ser lembrado, ser falado, estampar coluna social
Para cima de mim? Para cima de nós?
Me solta, Borel!
Reforça estereótipos, faz piada, beija homem (branco) heteronormativo com asco e aversão
O clipe é uma vergonha, desserviço, desnecessário, rolê errado em questão.
Não queremos piada, nem personagem que colaborem com a destruição
Já chega de ser humilhado, quero ser exaltado, empoderado
Ter espaço, voz, respeito e, claro, lacração
Descobriram que LGBTQIA+ compra e tem mercado
Gasta dinheiro, consome
Trabalha, gira economia
Marcas e artistas
Estão desesperados para adentrar neste espaço
E sua fatia do bolo abocanhar
Lobo em pele de cordeiro, “dizem que querem colaborar”
Toda ajuda é bem-vinda
Num grupo que não quer mais sofrer, morrer ou apanhar
Mas não é se colorir, homem hetero se travestir
Cantor beijar modelo
Que a história vai mudar
Isso é apropriação, exploração em demasia
Má fé e mau caráter
Mais do mesmos, a gente vê isso todo dia
Quer ajudar?
Dê visibilidade, dê trampo, dignidade
Patrocinem a representatividade
Se não quer comprar essa briga?
Dá linha na pipa, que damos conta de nos mantermos vivos
Seguimos na luta, na resistência nua e crua
Me solta, Borel!
Solta “nóis”, por favor!

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