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Descoberta do Cais do Valongo rende prêmio internacional

A honraria será entregue no próximo dia 16 de outubro, em Florença, na Itália

Texto: Bárbara Cavalcante | Imagem: Oscar Liberal/Iphan

À direita se encontra uma placa pregada à parede com informações sobre o Cais do Valongo e ao fundo o patrimônio histórico

13 de setembro de 2023

A arqueóloga Tania Andrade Lima, natural do Rio de Janeiro, foi anunciada como uma das ganhadoras do prêmio internacional Hypatia Award 2023. O reconhecimento se deve à sua contribuição para a arqueologia, história e patrimônio cultural da humanidade, destacando-se pela redescoberta do Cais do Valongo, em 2011. O achado ocorreu durante escavações em meio a um projeto de concessão da Prefeitura, o Porto Maravilha, que tinha como objetivo revitalizar a região portuária da capital fluminense.

Durante as obras, foram descobertos milhares de objetos de africanos escravizados que passaram pelo porto. A área foi reconhecida pela Unesco como “a mais importante evidência física associada à chegada histórica de africanos escravizados no continente americano”.

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O Hypatia Award é entregue pela Confederação dos Centros Internacionais para a Conservação do Patrimônio Arquitetônico (CICOP Net, na sigla em inglês) e tem como objetivo homenagear pessoas que fazem contribuições significativas para o avanço do conhecimento científico em seus campos de atuação.

A Pequena África e o Cais do Valongo

No início do século XX, o lendário sambista Heitor dos Prazeres afirmou que a região da praça Onze, no centro do Rio de Janeiro, era como uma África em miniatura. Décadas mais tarde, inspirado pelo artista, o escritor Roberto Moura apelidou a região, que engloba os bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo, na zona portuária da capital carioca, de Pequena África.

A riqueza da região se deve também ao fato de que a Pequena África tem fortes laços históricos com o tráfico de escravizados, sendo o local onde se encontram o Cais do Valongo e o Cemitério dos Pretos Novos.

Maior porto de desembarque do tráfico negreiro no mundo, estima-se que o Cais do Valongo tenha recebido, entre 1811 e 1831, aproximadamente um milhão dos cerca de quatro milhões de escravizados transportados ao Brasil, segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Além da história ligada às dores da escravidão, a Pequena África é marcada pela resistência cultural da população negra e seu poder de inovação e ressignificação.

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