O cantor e compositor Tiganá Santana fala sobre sonoridades, filosofia e modos de estar no mundo na websérie ‘Os Sons do Pensamento’, pensada a partir dos álbuns gravados pelo artista baiano ao longo da última década (2010 a 2020). O também pesquisador é o primeiro brasileiro a fazer composições em línguas africanas: kikongo e kimbundu, línguas originárias da Angola e do Baixo Congo.
A websérie é dividida em quatro episódios que levam o nome dos álbuns do artista. O primeiro, já disponível no Youtube, se chama Maçalê (você é um como a sua essência, em tradução livre), e aborda as referências culturais e existenciais por meio das cosmologias bantu-africanas e iorubanas no Brasil.
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“Podemos aprender um mundo com as diversas filosofias africanas, que estão baseadas em um pensar que inclui uma prática e um comportamento e, em muitos desses pensares, há um senso de comunidade que é absolutamente fundamental”, cita o artista sobre Maçalê, primeiro álbum na história fonográfica do Brasil em que um autor apresenta suas canções em línguas africanas.
No segundo episódio, que leva o nome ‘The invention of colour’ (A invenção da cor), Tiganá reflete sobre a ancestralidade guiada a partir do violão-tambor, instrumento cujo timbre ele mesmo concebeu. No terceiro episódio, o artista fala sobre o álbum ‘Tempo & Magma’ e a elaboração da ponte estético-musical que estabaleceu com países da África Ocidental, região onde ele vivenciou quatro meses de residência artística no Senegal.
Já no último episódio, os álbuns ‘Vida-Código’ e ‘Milagres’, lançados em 2020, são as referências para falar do retorno de Tiganá Santana para Salvador, onde gravou um dos álbuns. O trabalho em ‘Vida-Código’ foi eleito pelo jornal francês Le Monde como um dos melhores álbuns lançados em 2020 em todo o mundo. Já ‘Milagres’ é uma releitura do emblemático álbum ‘Milagre dos Peixes’, de Milton Nascimento, lançado originalmente em 1973 com todas as suas letras censuradas pela ditadura militar.
Os episódios são sempre disponibilizados às terças, às 20h, no canal do Youtube do Sesc 24 de Maio. O conteúdo faz parte da segunda edição do projeto ‘Música de Fronteira’.
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