Invisibilizadas do cenário do rap brasileiro por muitos anos, as mulheres negras têm se destacado cada vez mais neste gênero que integra a cultura Hip Hop. Cheias de personalidade, elas representam a cultura das periferias e narram suas próprias histórias. A Alma Preta traz o perfil de cinco dessas mulheres, da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, para você conhecer.
Juntas, no próximo domingo (11), elas encerram a edição online do Festival Roque Pense, com uma cypher – apresentação conhecida por divulgar novos nomes do rap e aumentar a representatividade de grupos que sempre tiveram pouco destaque dentro do movimento.
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Afrodite
Lígia Benvinda Neta, de 19 anos, mora na Baixada Fluminense e foi criada em Sepetiba, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. A jovem negra e da periferia teve como base de vida a cultura.
Aos 10 anos começou a participar de uma ONG em Sepetiba, onde desenvolveu seu amor pela arte e se criou. Lá praticou balé por alguns anos, mas ainda assim não se sentia “encaixada”, sempre tentando achar seu lugar ao sol. Em uma casa de artes também em Sepetiba, fez teatro por um ano e não concluiu por falta de dinheiro.
A jornada de Lígia com a música começou sob influência do mundo gospel, por conta da mãe. Ela chegou a cantar no coral da igreja por dois anos e depois se aproximou da cultura Hip Hop através dos campeonatos de Slam (poesia falada). Desde então, não se desvinculou do movimento, dando start ao seu codinome Afrodite.
Athena
Maria Luiza, mais conhecida como Athena MC, conheceu as rodas de freestyle e o rap com 14 anos e se apaixonou. Aos 18 participou de sua primeira batalha, onde saiu como campeã e não parou mais. Aos 19 foi introduzida na música com “Dedo no gatilho”, feat entre Catu e Eufena.
Já frequentando rodas grandes de rima como Coliseu e Aldeia, Athena deu seu nome nas rimas e nas letras com sua faixa solo “Ice Girl”,criticando o machismo no rap e promete mostrar ainda mais sua capacidade para o movimento Hip Hop.
Lavínia
Lavinia Gabrielle Ferreira Leite, de 23 anos, é nascida e criada em Nilópolis. Desde pequena já sabia aonde queria chegar e começou a cantar aos quatro anos de idade; aos 11 anos já fazia suas próprias letras e ritmos e sempre teve fascínio por fotos de seu pai em estúdios de música., sendo ele cantor e compositor da escola de samba Beija Flor de Nilópolis.
Inspirada pelo pai e ensinada pela mãe a sempre ter atitude e total confiança em si, nasceu Lavínia. Iniciou uma banda de Hard Rock com amigos, aos 15 anos, o que lhe proporcionou a sua primeira visita a um estúdio, ensaios e apresentações, devido às experiências pessoais, raízes e oportunidades, iniciou sua carreira no Hip Hop aos 19 anos e adianta que não vai parar nunca mais.
Lorac Lopez
Carolina Lopes, de 25 anos, nasceu em São João de Meriti. Iniciou a carreira de artista aos 17 anos no Grupo Expresso Central, como intérprete e vocalista com influências da música black, fez parte da Banca UDG Records em Nilópolis, seguindo carreira solo e participando de uma série de trabalhos ao longo desses anos.
Em 2020 Lorac Lopez participou de alguns projetos como “Acústico Brasil” do Original Boca, de Niterói, em faixas como “Coisa de Pele”, “Dona Coragem” , “Apaga a luz” e “Agora e Depois” . Já fazendo parte da banca da Baixada “Katana Rec” , Lorac participou da cypher “Além da Vida” e no projeto só de mulheres com dois clipes das músicas “Flow Anitta” e “Pussy Money”.
Em abril do ano passado lançou a música “Veja Bem”, acompanhada de um videoclipe, e em dezembro lançou “Outro Lugar”. Já em janeiro de 2021 participou do Projeto FED Tracks com a música “Pele preta” e continua trabalhando para mais lançamentos.
DJ Moonjay
Carol Tavares, conhecida como Moonjay, é uma jovem de 24 anos também da Baixada Fluminense. Dj, produtora cultural, brecholeira e fotógrafa, mora no Morro Agudo, em Nova Iguaçu. Em suas apresentações busca não só agitar o público como também valorizar a representatividade feminina e a cena cultural da baixada. É integrante do Estúdio Nuvem, selo/gravadora/produtora de artistas do movimento Hip Hop. Também faz parte do movimento Enraizados, onde aprendeu e iniciou sua trajetória como DJ.
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