Uma parceria entre a produtora Cafuné na Laje, um coletivo audiovisual do Rio de Janeiro, e a Aliança Midiativista Anti-Racista (Arma), da Finlândia, resultou na realização do documentário ‘Complexos’, que estreia nesta quinta-feira, dia 29. A produção está disponibilizada na plataforma Bombozila, que reúne cerca de 500 documentários sobre direitos humanos e lutas sociais na América Latina e Caribe.
Em 26 minutos, o documentário aborda vivências de artistas e realizadores que enfrentam diversos desafios para dar vida a trabalhos que se propõe a disputar as narrativas e construções de representação sobre as favelas do Rio de Janeiro, lugares onde nasceram, cresceram e são moradores até hoje.
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“Falar sobre nossas vivências é uma forma de ativismo e de resposta contra os preconceitos e discriminações”, diz Wallace Lino, ator e um dos entrevistados do documentário Complexos.
O ponto de partida do filme é baseado na pesquisa de doutorado de Leonardo Custódio – ex-morador de Magé, na Baixada Fluminense, que vive hoje na Finlândia – sobre o midiativismo nas favelas.
“A comunicação popular é o uso dos meios disponíveis por pessoas que habitam, por exemplo nas periferias e favelas, para se comunicar um com o outro e para se comunicar com a sociedade. A construção de narrativas feita por moradores de favelas e periferias está dentro dessa ideia, de que o que é dito sobre nós não condiz com a nossa realidade – complicada, complexa, cheia de nuances. A gente precisa contar outras coisas que nos definem e uma forma de apoiar essas narrativas é assistir, acessar, compartilhar essas narrativas”, afirma o pesquisador.
Exibido no Festival Panoramica, o maior da Suécia sobre cinema latino-americano, ‘Complexos’ busca durante as entrevistas a reflexão sobre as trajetórias dos personagens, com questões que atravessam seus cotidianos e seus fazeres artísticos. Na produção, a câmera está aberta às influências das luzes, cores e sons, características próprias do lugar de cada entrevistado. Essa série propõe uma narrativa que busca retratar as diferentes possibilidades de representar o viver nas favelas do Rio de Janeiro, a partir de seus próprios moradores.
“São pessoas que realizam e disputam o significado do que é viver em favela, expondo o quão diversas são essas vidas. Não é apenas a favela que perde com essa exclusão, todos nós perdemos enquanto sociedade com o racismo e a política de morte no qual os espaços que essas pessoas retratadas no filme cresceram e vivem até hoje”, diz JV Santos, co-fundador da Cafuné na Laje.
O documentário conta as histórias de Gizele Martins, Naldinho Lourenço, David Amen, Mc Martina, Thaís Alvarenga, Léo Lima, Rodrigo Maré Souza, Geandra Nobre e Wallace Lino. As entrevistas foram feitas por Léo Lima e a produção é da Mariluci Nascimento. “A importância do filme está nas pessoas que são abordadas e suas trajetórias”, completa JV Santos.
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