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Conheça 10 sambas enredo históricos que exaltam a resistência negra no Brasil

8 de fevereiro de 2018

O Alma Preta preparou uma lista com 10 sambas enredos, de São Paulo e do Rio de Janeiro, que recordam o passado de resistência da população negra e que exaltam símbolos da negritude no Brasil, como as religiões de matriz africana

Imagem / Divulgação

O samba, uma das expressões culturais mais fortes da comunidade negra no Brasil, ganha lugar de destaque ao longo do carnaval, um dos feriados mais esperados no ano.

Durante os dias de festejo, as escolas do Rio de Janeiro, São Paulo e outras cidades desfilarão pelas avenidas do samba com carros alegóricos, fantasias, e muito ritmo no pé.

A festa, porém, não fica completa sem um bom samba enredo, o que as tradicionais escolas de samba das duas cidades, Rio de Janeiro e São Paulo, têm de sobra no decorrer da história. Entre elas, algumas destacam a luta da população negra contra o racismo e outras ressaltam símbolos culturais e religiosos dos descendentes de africanos no país.

O Alma Preta então preparou uma lista com 10 músicas históricas de algumas das mais importantes escolas de samba para você ouvir durante o período de festa.

Unidos do Peruche – 1989

O enredo da Unidos do Peruche, organização com fortes ligações com a comunidade negra, exalta os “deuses africanos” como protetores dos afro-brasileiros.

Durante a música, muitos dos orixás são citados, com menções à grandeza e às qualidades de cada um. Exú e Yemanjá ganham lugar de destaque na letra da Unidos do Peruche.

Camisa Verde e Branco – 1982

O Camisa Verde e Branco, uma das mais tradicionais agremiações do país, começa o samba enredo recordando a escravidão. A letra descreve as correntes nas pernas dos negros como forma de lembrar esse trecho sombrio da história brasileira.

Na contramão do escravismo, a obra recorda as ligações existentes entre o Brasil e a África de uma maneira positiva.

A música também mostra que a escola não faz “distinção de cor” e que o Camisa Verde e Branco “exalta a negra gente”, quem teve papel fundamental para a construção do país e ainda segue como vítima do racismo.

Rosas de Ouro – 2006

A escola fundada na Brasilândia e hoje instalada na Freguesia do Ó, ambos bairros da Zona Norte de São Paulo, tem no título do seu samba enredo “A Diáspora Africana. Um crime contra a raça humana”.

O samba faz um resgate histórico da escravidão descrevendo o continente africano como um território civilizado, berço da humanidade e vítima do maior crime da história. De lá os negros foram trazidos de maneira forçada para o Brasil, mas sempre sob os olhares e cuidado dos Orixás.

O canto do negro, como descrevem os sambistas, pede a Deus que garanta a igualdade, porque a “nação azul e rosa vai à luta orgulhosa contra o preconceito racial”. A música também afirma que a Rosas de Ouro vai exalta o povo que a história humilhou.

Nenê da Vila Matilde – 1982

A Nenê da Vila Matilde, tradicional escola da Zona Leste de São Paulo, optou por versar sobre o Quilombo dos Palmares.

Os sambistas, que também consideram a Nenê como um quilombo, contam a história de resistência de Zumbi e exaltam a nobreza desse território sagrado.

Para a Nenê, o local é um símbolo da liberdade da população negra, pois “Palmares o quilombo pioneiro, superou a dor”.

Mocidade Alegre – 2003

A canção “Omi! O berço da civilização Iorubá” ressalta o continente africano como o berço da humanidade, de onde surgiu a civilização e o “milagre da vida”.

A música também faz uma forte referência aos Orixás, em especial a “rainha negra”, Yemanjá, como é descrita na canção.

Vila Isabel – 1988

O clássico “Kizomba, a festa da raça” é uma exaltação à luta e à resistência da comunidade negra contra o racismo ao longo da história. O grito de “Valeu, Zumbi!”, em referência à luta no Quilombo dos Palmares, é um agradecimento a quem enfrentou o escravismo.

A exaltação à Anastácia, “que não se deixou escravizar”, e à sambista Clementina forma o quadro das figuras recordadas pela canção.

A letra também faz uma crítica ao regime de segregação da África do Sul, o Apartheid, que separava os espaços entre negros e brancos de maneira oficial.

A festa da raça então, sem o racismo e a desigualdade, estaria completa ao som do samba, do maracatu e caxambu.

Império Serrano – 1969

A obra “Heróis da Liberdade” da escola de samba carioca conta sobre o sofrimento, a agonia e derramamento de sangue que ocorreu no Brasil durante a escravidão.

A música faz questão de exaltar aquelas e aqueles que se colocaram contra o escravismo e lutaram pela liberdade da população negra.

Beija Flor – 1983

“A Grande Constelação de Estrelas Negras” é um samba que mistura a recordação da resistência dos descendentes de escravo com uma forte exaltação aos símbolos da comunidade negra, entre eles Ganga Zumba, um dos principais nomes de Palmares.

A música começa avisando que as pretas velhas estão cantando e assim segue colocando em evidência estrelas negras como Clementina de Jesus, Grande Otelo e Pelé.

Imperatriz Leopoldinense – 1979

O samba “Oxumaré, a lenda do Arco-íris” faz uma exaltação aos “negros africanos” que louvam esse fenômeno da natureza.

O samba enredo dá um grande destaque para os orixás, que estariam em festa e em um momento de celebração, na medida em que o Arco-Íris está presente.

A obra também afirma que o negro está consciente de tudo o que aconteceu, ou seja, sabe das injustiças que sofreu ao longo da história.

Mangueira – 1988

O samba “Cem anos de liberdade, realidade e ilusão” faz uma menção direta ao centenário da abolição da escravatura e começa dizendo que o negro, que samba e joga capoeira, é o rei da Mangueira.

A obra questiona se a abolição realmente veio para esse segmento da população e pergunta onde está a liberdade do afrodescendente, que “ninguém viu”. Isso porque, segundo a letra, o negro estaria livre do açoite da senzala, mas preso à miséria da favela.

O enredo também recorda o passado escravocrata e diz que o senhor de engenho derramou muito sangue por conta do “preconceito racial”.

  • Pedro Borges

    Pedro Borges é cofundador, editor-chefe da Alma Preta. Formado pela UNESP, Pedro Borges compôs a equipe do Profissão Repórter e é co-autor do livro "AI-5 50 ANOS - Ainda não terminou de acabar", vencedor do Prêmio Jabuti em 2020 na categoria Artes.

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