Homenageadas pela escola de samba Unidos de Viradouro, campeã do Carnaval 2020 do Rio de Janeiro, as Ganhadeiras de Itapuã remontam a trajetória de luta de gerações de mulheres negras da cidade de Salvador.
Antigamente, o bairro de Itapuã, na capital baiana, era uma vila de pescadores onde um grupo de mulheres negras lutavam pela subsistência de suas famílias. Elas lavavam roupas na Lagoa do Abaeté e preparavam peixes e quitutes para vender nas ruas, em feiras e mercados da cidade.
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No trajeto a pé, equilibrando balaios nas cabeças e como uma forma de amenizar o cansaço, as mulheres cantavam cantigas de roda, sambas e cirandas. Dessa tradição, surgiu o grupo Ganhadeiras de Itapuã, formado pela quinta geração de lavadeiras negras.
Exaltadas no desfile da Viradouro como as primeiras feministas do Brasil, devido à luta pela liberdade e importância para cultura da Bahia, a música das Ganhadeiras de Itapuã é conhecidas como “Samba do Mar Aberto”. A sonoridade traz influência da ciranda, do candomblé, de sambas de diferentes matrizes, entre outras misturas rítmicas da comunidade afro-brasileira.
Em 2019, o grupo da quinta geração de lavadeiras negras completou 15 anos de existência. Em sua bagagem estão reconhecimentos como o Prêmio Culturas Populares – Mestre Duda 100 anos de Frevo, concedido pelo Ministério da Cultura, e o título de iniciativa exemplar da cultura popular brasileira.
Agora, as Ganhadeiras de Itapuã também têm mais um motivo para comemorar: a visibilidade conquistada através do desfile emocionante da campeã Unidos de Viradouro.