Entre as produções cinematográficas estão “Malcolm X” (1992), “Cidade de Deus” (2002), “Dara – A Primeira Vez que Fui ao Céu” (2017) e “O ódio que você semeia” (2018)
Texto: Akins Kintê | Edição: Nataly Simões | Imagem: Reprodução
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É comum obras literárias ganharem versões cinematográficas e, dessa forma, conquistarem ainda mais admiradores. Isso porque muitos roteiristas e cineastas constroem suas narrativas a partir da literatura.
O escritor e poeta Akins Kintê selecionou para o Alma Preta oito livros que viraram filmes e o marcaram profundamente. Confira:
1. “Malcolm X”
O filme dirigido por Spike lee e lançado em 1992 é um importante registro de um dos mais importantes ativistas negros dos Estados Unidos. Por lá e também no Brasil, a produção é referência para muitos artistas do movimento hip hop, por exemplo. O filme é baseado no livro biográfico de Malcolm X, com co-autoria de Alex Haley.
Uma das cenas que mais me marcaram na produção audiovisual é a em que Malcom (interpretado por Denzel Washington e um amigo (Spike Lee) caminham swingando com suas roupas chamativas e o passo marcado dos dois. Vale a pena assistir ao filme e a leitura do livro também é indispensável.
Veja o trailer:
2. “O ódio que você semeia”
Dirigido por George Tillman, Jr, este é um filme de 2018 que foi inspirado no livro do mesmo nome da escritora Angie Thomas. A trama é sobre a história de Starr, uma jovem negra que é ensinada desde pequena como se comportar perante a revista policial. Ela e o amigo Khalil são revistados pela polícia e um movimento do jovem faz com que a polícia atire nele, desenrolando a partir disso muitas discussões e choques de realidades na jovem Starr.
Veja o trailer:
3. “A Cor Púrpura”
É um clássico romance da escritora Alice Walker, conhecido como romance epistolar, que é uma técnica literária que consiste em desenvolver a história principalmente através de cartas. O livro publicado em 1982 inspirou o filme do mesmo nome, dirigido por Steven Spielberg em 1985. Whoopi Goldberg interpreta Celie, que após ser violentada pelo pai, a jovem mãe é separada da irmã e doada a Mister. Triste e solitária, ela escreve cartas e vê a vida mudar com a ajuda de Shug.
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4. “Bem amada”
O romance “Amada” de Toni Morrison é vencedor do Prêmio Nobel e inspirou o filme “Bem Amada”, de 1998, dirigido por Jonathan Demme. Devido à complexidade dos personagens, é difícil compreender a história nas primeiras páginas, mas depois a trama se torna indispensável. O gênero do filme, por sua vez, é drama/terror e a história se passa no período da abolição da escravatura nos Estados Unidos.
Sethe é uma ex-escrava que, após fugir com os filhos da fazenda em que era mantida em cativeiro, refugia-se na casa da sogra. No caminho, ela dá luz a uma bebê, a menina Denver, que a acompanha ao longo da história.
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5. “Cidade de Deus”
O filme de Fernando Meirelles e Kátia Lund estreou no cinemas brasileiros em 2002 e é umas das principais obras cinematográficas do país. Inspirado no livro de Paulo Lins, o filme retrata o crescimento do crime organizado na Cidade de Deus, no Rio de Janeiro.
Para contar a trajetória do lugar, o filme narra a vida de diversos personagens e eventos que se entrelaçam no decorrer da trama. Como no filme foi impossível colocar todos personagens do livro, indico a leitura do romance de Lins, pois expande esse universo que é a história, com personagens trans, pretos e homens discutindo racismo, transfobia e machismo dentro de uma comunidade no final dos anos 60 e 70.
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6. “Se a Rua Beale falasse”
Com estreia em 2019, o filme dirigido por Barry Jenkins me tocou pela construção do roteiro, marcado por uma sensibilidade muito forte tanto nos diálogos como nos pensamentos da personagem Tish, que também narra a história.
Após ver o filme, a curiosidade me levou à leitura do romance que traz o mesmo nome da produção cinematográfica e foi escrita por James Baldwin, publicada pela primeira vez em 1974 e relançado pela editora Companhia das Letras recentemente. No filme, Tish (interpretada por Kiki Layne) é uma grávida do Harlem, bairro de Nova York, que luta para livrar o marido de uma acusação criminal injusta e de subtextos racistas a tempo de tê-lo em casa para o nascimento do bebê.
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7. “Jardim Beleléu”
Em 1996, o Cuti publicou o livro “Negros em contos”, uma obra de extrema importância para a literatura brasileira. Um dos contos presentes no livro, o “Não era uma vez”, inspirou o cineasta Ari Candido a dirigir o curta-metragem “Jardim Beleléu”, de 2009. O filme, assim como o conto, conta a história de um metalúrgico que é assaltado em um ônibus e perde o salário do mês. Um dia, avista um dos assaltantes e o persegue. Só que as balas não saem do revólver.
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8. “Dara – A Primeira Vez que Fui ao Céu”
Em 2008, a escritora Elizandra Souza publicou o conto “A primeira vez que fui ao céu”. Na ocasião, Allan da Rosa organizou a antologia “Um segredo no céu da boca pra nossa mulecada”. Esse conto inspirou o cineasta Renato Candido, que em 2017 lançou o curta-metragem “Dara – A Primeira Vez que Fui ao Céu”.
Tive a oportunidade de assistir ao filme no lançamento do livro “Filha do fogo – 12 contos de amor e cura”, também da Elizandra Souza. Dara é uma garota negra de 10 anos, da região rural de Nova Soure, cidade da Bahia, ainda nos anos 60. Na véspera de migrar para São Paulo, a menina deseja montar um balancinho no cajueiro do sítio onde mora com os avós e o irmãozinho.
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