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Dez livros de escritoras negras lançados recentemente

31 de julho de 2020

Obras falam de amor, empreeendedorismo, racismo, além de biografias e estudos de caso

Texto: Guilherme Soares Dias | Edição: Nataly Simões | Imagem: Reprodução/Instagram

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Quando a filósofa, escritora e ativista Angela Davis reuniu cerca de 15 mil pessoas no Parque Ibirapuera, em São Paulo, em outubro de 2019 para ver uma palestra sobre o lançamento de seu livro “Uma autobiografia”, a jornalista e também escritora Bianca Santana, chamou a atenção da plateia: “muito bacana vocês viram ver a Angela Davis, que já é uma escritora consagrada, mas quantas mulheres negras vocês leram no último ano?”, questionou.

A bronca serve de alerta para o policiamento de quais narrativas as pessoas estão consumindo e ressalta que há milhares de mulheres negras brasileiras contando histórias de amor, de empreendedorismo, racismo, além de biografias e estudos de caso.

O Alma Preta reuniu dez livros lançados de novembro de 2019 até o momento para as pessoas atualizarem suas leituras. Confira:

1. Julia Drummond – Casamentos e mulheres negras

“Para quem o Direito de Família foi pensado? E quais tem sido as consequências da sua aplicação?”. O livro é fruto da dissertação de mestrado da escritora, que traz um estudo criterioso e sensível. Ela investiga de que maneira as mulheres negras são protegidas, ou não, pelo Direito de Família brasileiro e suas expectativas familiares. A autora realizou um levantamento bibliográfico e pesquisa qualitativa para perguntar às mulheres negras como constituem suas relações afetivas, quais são suas demandas familiares atuais e qual a qualidade do acesso à Justiça.

2. Najara Costa – Quem é negra/o no Brasil?

As ações afirmativas são o tema do livro lançado pela editora Dandara. A publicação é fruto da dissertação de mestrado da socióloga Najara Costa. Mestre pela Universidade Federal do ABC (UFABC), a autora discute o emprego do conceito de raça enquanto construção sociológica por membros de comissões de hetero-identificação. Para Najara, essa é a chave para o entendimento do racismo em seu formato brasileiro e em sua dimensão sociopolítica.

3. Maíra Azevedo – Como se livrar de um relacionamento ordinário

“O livro fala da necessidade de termos coragem de romper com esse ciclo violento com a gente. Inclusive, quando eu digo a gente, é comigo também. Que eu tenha coragem de romper com toda e qualquer relação que me adoeça, com toda situação que não me deixe feliz. Que tenhamos coragem de entender que podemos ser felizes. Porque aprendemos: ‘é impossível ser feliz sozinho’, mas podemos ser felizes com um amigo, com uma amiga, tem outros tipos de companhia. O afeto que mata não me faz feliz”, descreveu Maíra, em entrevista à Revista AzMina.

4. Ligia Ferreira – Lições de Resistência

Os artigos publicados em jornais reunidos no livro revelam as facetas e o pensamento do escritor, jornalista e advogado, Luiz Gama, que fez do domínio da palavra a arma para a defesa das liberdades. Gama ocupa um lugar proeminente entre os raros ativistas negros que se destacaram no Brasil antes de 1888. Foi o único abolicionista autodidata – também o único a ter sofrido a escravidão –, foi um hábil comunicador de amplo público: dos negros aos brancos, dos escravizados aos homens livres, dirigiu-se a todas as camadas da população e escapou, por meio da atividade jornalística, do silêncio e da ignorância impostos aos negros e escravizados.

5. Winnie Bueno – Imagens de controle: Um conceito do pensamento de Patricia Hill Collina

O livro é resultado da dissertação da escritora do mestrado em Direito. Conversa sobre a trajetória da pensadora norte-americana, o conceito de imagens de controle e como elas atuam para estabelecer mecanismos de dominação sobre mulheres negras, fundindo opressões de gênero, raça, classe e sexualidade. Winnie se esmera em desvelar a complexidade do pensamento de uma das mais importantes intelectuais negras contemporâneas.

6. Carla Akotirene – Ó paí, prezada: racismo e sexismo institucionais tomando bonde nas penitenciárias femininas

O livro da pesquisadora baiana utiliza dados sobre a população feminina encarcerada em Salvador para discutir a ausência de políticas públicas para essas mulheres. Tratando o encarceramento da população negra como uma epidemia, Carla faz um retrato fiel das penitenciárias brasileiras.

7. Monique Evelle – Empreendedorismo Feminino: Olhar Estratégico sem Romantismo

O livro aborda, sem rodeios, o cenário e caminho de quem deseja empreender no Brasil. Em seu primeiro livro, a empreendedora, especializada em negócios sociais, traz aprendizados a partir de relatos pessoais, levando à reflexão sobre o que é gerir um negócio e como ele pode ser positivo para todos no entorno. Monique trata de todos as etapas, das análises de contexto, estratégia e precificação ao relacionamento e comunicação, com dicas de ferramentas e, principalmente, um olhar atento para o que se passa no mundo.

8. Flay Alves – Donas de Si

O livro-reportagem conta a história de cinco mulheres nordestinas e nortistas que migraram para Goiás e tiveram suas vidas marcadas pela violência de gênero. Agressão doméstica, assédio patrimonial, abuso sexual, abandono familiar, e outros problemas estruturais como xenofobia, racismo e pobreza, são também elementos presentes em suas travessias. O livro narra como cada uma dessas mulheres, à sua maneira, reinventou o próprio destino.

9. Zélia Amador de Deus – Caminhos trilhados na luta antirracista

A autobiografia etnográfica reúne oito artigos sobre dimensões políticas, sociais e culturais que marcaram e marcam a história social e política brasileira ainda pouco conhecida. Os textos, escolhidos pela própria autora, representam o núcleo central do seu pensamento e da sua intervenção acadêmica e política dos anos 1990 até 2019. É o olhar sobre essa história produzido por uma mulher preta, como a própria Zélia faz questão de nomear a si mesma. Mas essa jamais será uma história individual. Ela faz parte de um coletivo, e é construída dessa maneira.

10. Carmen Faustino – Estado de Libido – ou poesias de prazer e cura

A escritora enaltece o erótico em seu primeiro livro de poesias. A publicação reúne parte de seus textos escritos na última década, em uma coletânea que oferece mais do que erotismo e nos convida à reflexões sobre intimidade, prazer, descobertas, autocuidado e curas, no universo de feminilidade da mulher negra.

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