Devotos comemoram nesta quarta-feira (4) o Dia de Santa Bárbara, para os católicos, e o Dia de Iansã, para os adeptos do candomblé, em uma celebração no centro Histórico de Salvador. A festividade, que reúne multidões, abre o calendário de festas populares religiosas da Bahia que se estende até o Carnaval, em fevereiro.
Todos os anos, centenas de pessoas vestem vermelho e branco; as baianas colocam seus adereços, reúnem-se e vão ao Largo do Pelourinho acompanhar a missa campal dedicada à Santa Bárbara, às 8h. O ato litúrgico é presidido pelo capelão, cônego Lázaro Muniz. Após o rito, fiéis participam de uma procissão que passa pelo Terreiro de Jesus, Praça da Sé e desce a Ladeira da Praça até o quartel do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia (CBMBA), onde saúdam a padroeira da corporação.
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Nesta data, também é comum a oferta de caruru para a orixá Iansã. O Afoxé Filhos de Korin Efan, situado na rua do Passo, no Pelourinho, por exemplo, realiza o caruru de Iansã há mais de 20 anos no dia da Festa de Santa Bárbara. Foi uma tradição que começou com o ogan Erenilton na casa de Oxumarê, afirma em nota a prefeitura de Salvador.
Em Feira de Santana, os devotos começaram as homenagens no início da manhã, com uma missa na Igreja Senhor dos Passos. Em seguida, vestidos de vermelho e branco, saíram em procissão pelas ruas da região central da cidade, até o Centro de Abastecimento da cidade.
Padroeira dos bombeiros, Santa Bárbara é protetora dos raios, trovões e tempestades. Apesar de ser associada à Iansã no sincretismo religioso, os adeptos do candomblé enfatizam a distinção entre a santa e a orixá. Adeptos das religiões de matrizes africanas defendem a singularidade e a história dos orixás, mesmo com a associação entre ambas durante as procissões.
Iansã é um orixá feminino que tem sob seu domínio os ventos, trovões e as tempestades. Também chamada de Oiá, seu nome possui origem no iorubá Ìyá Mésàn, o rio de nove braços, em referência ao rio Níger, morada da divindade.
Neste ano, completam-se 15 anos desde que a Festa de Santa Bárbara foi registrada como Patrimônio Imaterial da Bahia. O pedido foi aberto em 2004, sendo a primeira festa popular a ter o pedido de registro. No dia 3 de dezembro de 2008, o governo do estado baiano reafirmou no decreto 11.353/2008 a importância da diversidade cultural e religiosa que a festa reúne.