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Do caboclo e da cabloca ao “partido negro” da independência do Brasil na Bahia

Bicentenário da independência do Brasil na Bahia ganha programação intensa com ações cívicas, pedagógicas, artísticas e culturais

Imagem: Reprodução

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1 de julho de 2023

O “partido negro”. Assim era chamado na Bahia um grupo de pessoas africanas escravizadas e seus descendentes no período da promulgação da independência. A partir do dia 2 de julho de 1823, a província começou a ser determinada como estado brasileiro e passou a comemorar a expulsão das tropas portuguesas do solo baiano.

A nomenclatura utilizada para se referir a pessoas negras que participaram de iniciativas que determinaram a independência do estado da Bahia, na época, sinalizava o medo das elites de que esses grupos se organizassem em prol de outras reivindicações, tal qual fizeram os atores da Revolta dos Búzios.

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Também conhecida no Brasil como Conjuração Baiana ou Revolta dos Alfaiates, a Revolta dos Búzios foi um levante popular ocorrido em Salvador, em 1798, cujos líderes e participantes do movimento reivindicavam a abolição da escravatura, melhores condições de vida para a população negra e parda livre, e, sobretudo, posicionou-se em contraposição às decisões políticas e econômicas da Coroa Portuguesa.

Em entrevista exclusiva à Alma Preta Jornalismo em 2022 a respeito da Revolta dos Búzios, o professor da rede pública de ensino da Bahia Guimário Nascimento explicou as influências da independência. “Na independência da Bahia, em 1823, houve uma grande participação popular de negros e indígenas — provavelmente inspirada na Revolta dos Búzios, na qual ocorreu a verdadeira independência do Brasil. A consolidação se deu aqui na Bahia”.

Na ocasião, o historiador ainda lembrou que, em 2023, comemora-se o bicentenário da independência e lembrou o estado em que Salvador ficou após a expulsão dos portugueses. “De 1824 a 1825 muitas rebeliões escravas ainda ocorrem em Salvador e no recôncavo baiano, porque quando eles saem da Bahia eles desorganizaram a economia. A independência gerou um processo inflacionário, desemprego e uma série de revoltas e rebeliões por conta da cobrança de impostos. Os senhores de pessoas escravizadas começaram a cobrar que os africanos e seus descendentes produzissem mais — o que mais à frente influenciou também a Revolta dos Malês.

Desde a Revolta dos Búzios, mulheres participam de ações contra Portugal na Bahia. As imagens mais conhecidas da independência são as de Maria Quitéria, Joana Angélica e da indígena Catarina Paraguaçu, do povo Tumbinambá, popularmente conhecida nos festejos locais em menção ao dois de julho como a “cabocla”. No ano seguinte a independência, um cortejo comemorativo começou a ser realizado de forma espontânea pelos populares que lutaram pela expulsão do almirante português Madeira de Melo e de seus homens, as últimas tropas portuguesas a habitarem o Brasil.

Apesar das tentativas imperiais de apagamento da memória do povo negro na luta pela independência da Bahia e do Brasil, hoje, Maria Felipa têm se tornado conhecida pela bravura na luta pelo direitos dos afrodescendentes. Quase não existirem documentos históricos que atestem a sua existência, mas a tradição oral da Ilha de Itaparica e do Recôncavo Baiano mantém viva a sua história.

Maria Felipa segundo apontam historiadores e o povo Itaparica, ilha localizada na Baía de Todos Santos, na Bahia, foi descendente de sudaneses e morou na região de Beribeira e, depois, na Ponta das Baleias, num casarão chamado “Convento”.

Felipa, de acordo com os estudos, junto a suas companheiras de luta, teriam dado nos soldados portugueses uma surra de cansanção, planta cientificamente chamada de Jatropha urens, que produz uma coceira intensa e consequentemente feridas nas pessoas que são açoitadas por ela. Outro feito apontado nos livros que a mencionam é que Maria Felip teria organizado um incêndio de navios portugueses causado por tochas, lançadas a partir de uma canoa que era liderada por ela.

Confira: Uma leitura dos búzios | Entenda o que foi a Revolta dos Búzios para o Brasil

Bicentenário da Independência do Brasil na Bahia

Neste ano, a celebração do bicentenário – duzentos anos – da Independência do Brasil na Bahia começou na sexta-feira (30) e segue até o dia 2 de julho na capital baiana. Os festejos contarão com atividades cívicas, pedagógicas e artístico-culturais.

2 de julho

07h00 – Horário de chegada para a concentração
07h45 – Coleti va de Imprensa
08h00 – Cerimônia Cívica
Local: Largo da Lapinha
Hasteamento de bandeiras por autoridades
Deposição de Flores pelas autoridades no monumento ao General Labatut
Entrega dos carros emblemáticos da Cabocla e do Cabloco
Execução do Hino da Bahia

09h00 – Início do cortejo até o Terreiro de Jesus
11h00 – Previsão de término
14h00 – Cerimônia Cívico-Militar| Homenagem da Marinha aos 200 Anos da Independência do Brasil na Bahia
Local: Pátio Externo da Sede do 2º DN
16h00 – Chegada dos carros da Cab ocla e do Caboco ao Campo Grande, com Presença do Presidente Lula
Local: Praça do Campo Grande

Leia também: Baianos retratam história de Maria Quitéria em animação

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