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Documentário expõe processos criativos do fotógrafo Chi Modu

14 de agosto de 2018

Reconhecido por seus registros do movimento Hip Hop, fotojornalista nigeriano em visita ao Grajaú, explica como contou histórias usando lentes e aponta semelhanças e diferenças das favelas estadunidenses e brasileiras

Texto / Vine Ferreira
Imagem / Chi Modu por Yle

Chi Modu, fotógrafo nigeriano radicado nos Estados Unidos, dirigiu o departamento de fotografia da The Source, a revista que se estabeleceu como a fonte do hip hop nos anos 90. Os rappers com cara de mau, gangstashit, Tupac no seu auge, Biggie [Notorious BIG], Snoop Dogg começando a fazer rap foram registrados por ele.

A revista The Source nasceu no momento em que o movimento começava a ganhar o mundo e Chi Modu ajudou a moldar a ideia que temos do gênero ainda naquela época. Ele é considerado importante, significativo e exemplar por ser uma pessoa negro que documentou e mostrou ao mundo o que via a sua volta. No Brasil e no mundo isso deve ser valorizado, pois vários veículos e pessoas não-negras lidam com estéticas que nasceram de culturas negras. O protagonismo é importante.

“Eu era, na verdade, um dos poucos fotógrafos negros por lá, e acho que isso surpreende as pessoas, porque muitas pessoas que fotografaram o Hip Hop não eram negras. Então, eu sabia que era muito importante, para mim, chegar lá e fazer direito. (…) E isso é cultura negra. Não deixe que digam o contrário.”, explica Chi Modu no documentário.

A obra mostra a importância de criadores independentes sustentarem o próprio trabalho passarem a caminhar sozinho, mas reconhece também que são poucas as pessoas aptas a abdicar da segurança financeira para entrarem em um sistema desestruturado que fortalece majoritariamente quem começa de cima a partir de grandes universidades, contatos e cor da pele não-negra – todavia, quase nunca pela qualidade do trabalho.

“Eu acho importante olhar para os seus, especialmente quando você nasce com uma cor de pele que faz todo mundo te colocar para baixo, sabe? Todos colocam a gente pra baixo, cara, mas somos poderosos, saca? Somos poderosos”, ressalta o fotógrafo.

Sobre o autor

Fotógrafo há oito anos, Vine Ferreira é fotógrafo e trabalha há três com audiovisual. Ele partiu de experimentações até passar a fazer trabalhos comerciais, e gosta das liberdades da multimídia para misturar técnicas e processos. Na maioria das vezes, Ferreira recorre à fotopintura para compor narrativas, mas dá valor também à plasticidade do áudio em suas produções de vídeo.

Em 2018, o artista lançou a revista Daimag com a marca parceira Daibags, na qual procura compartilhar textos e produções de criadores independentes do Brasil, falando sobre mercado, estética e poética. Em breve, Vine Ferreira pretende auxiliar outros artistas a dialogar com o mercado por meio de dicas para a construção de portfólios e textos, com o propósito de proporcionar autonomia descolada dos padrões mercadológicos dominantes.

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