A história de dona Lindacy, aluna da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Ciep Ayrton Senna, na Rocinha, inspirou um grupo de jovens do projeto Jovens Repórteres da Rocinha (JRR) a transformá-la em um curta-metragem. O filme, intitulado “Uma história de Lindacy”, estreou nesta quinta-feira (10) no Festival de Cinema do Rio, no Cine Odeon e será exibido, entre os dias 3 e 13 de outubro, em sessões realizadas no Centro Cultural da Justiça Federal (CCJF).
O projeto, desenvolvido pelo Centro de Criação de Imagem Popular (Cecip), faz parte do Plano Integrado de Saúde nas Favelas do Rio de Janeiro, uma iniciativa liderada pela Fiocruz em conjunto com universidades e instituições de pesquisa, que atua em 33 municípios do estado.
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A ideia para o documentário surgiu dentro da escola, quando os jovens repórteres conheceram Lindacy durante um evento de troca de experiências no pátio. A personagem central do filme cativou os estudantes ao compartilhar suas histórias e livros, despertando o interesse deles em retratar sua trajetória.
No laboratório de audiovisual montado no Ciep, os alunos se dedicaram à produção do roteiro, gravação, edição e finalização do filme, que acabou sendo um dos 50 selecionados para a mostra do festival.
No curta, Lindacy revela sua vida marcada pela ausência da mãe, figura que ela nunca conheceu. Essa lacuna impulsionou sua busca pela escrita como forma de criar suas próprias memórias e preservar suas experiências e emoções. A narrativa de Lindacy transmite uma lição de resiliência, ao mostrar como transformou a dor da ausência em arte.
Desde 2023, os estudantes do Jovens Repórteres da Rocinha, do primeiro e segundo anos do Ensino Médio, participam de oficinas de comunicação comunitária com foco em saúde, com o objetivo de produzir e disseminar informações para a comunidade.
Richarlls Martins, coordenador-executivo do Plano Integrado de Saúde nas Favelas, ressalta que a seleção do documentário no Festival do Rio reflete o valor do trabalho de comunicação comunitária desenvolvido na Rocinha. “A veiculação da saúde pública com o campo da arte e cultura é muito importante como uma forma de difundir práticas de promoção da saúde nas favelas”, explica em publicação.
Para os jovens repórteres, a classificação do filme é motivo de grande orgulho. Thomas Santos Silva, de 17 anos, um dos criadores do curta, destaca o aprendizado e a evolução do grupo ao longo do projeto. “É incrível participar dessa experiência. Nós evoluímos e aprendemos juntos. Me sinto privilegiado por ter tido essa oportunidade”, comemora.
Serviço
Filme – “Uma História de Lindacy”
Quando: até o dia 13 de outubro
Horário: consultar programação
Onde: Centro Cultural da Justiça Federal (CCJF) – Av. Rio Branco, 241 – Centro, Rio de Janeiro (RJ)