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Espetáculo ‘Otelo, o Outro’ faz releitura racializada do clássico de Shakespeare

Peça mergulha nas questões identitárias e na subjetividade do sujeito negro em diáspora, sob a ótica do pensamento de Frantz Fanon
Imagem dos protagonistas da peça "Otelo, O Outro", releitura racializada da tragédia de Shakespeare que promove reflexão sobre a identidade negra.

Foto: Julieta Bacchin/Divulgação

1 de setembro de 2024

O Sesc Santana, em São Paulo, apresenta até 8 de setembro o espetáculo “Otelo, o Outro”, uma releitura do clássico de William Shakespeare. A montagem, dirigida por Miguel Rocha e inspirada nas reflexões do psiquiatra e filósofo Franz Fanon, mergulha profundamente nos efeitos da racialização da experiência humana e na constituição da subjetividade negra.

Com interpretações dos atores Carlos de Niggro, Jefferson Matias e Kenan Bernardes, a peça provoca uma reflexão poética sobre a identidade do sujeito negro na diáspora.

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Em “Otelo, o Outro”, o protagonista da tragédia shakespeariana embarca em uma viagem interna, confrontando sua própria identidade. Nessa jornada, ele encontra outros “Otelos” dentro de si, figuras que o guiam por um caminho doloroso e complexo.

A peça não se limita à relação com Desdêmona, mas explora as ambiguidades e os desafios da memória e da identidade afrodiáspórica, marcada por deslocamentos sociais e culturais.

A montagem apresenta Otelo como um homem inventado como “negro” pelo olhar ocidental, submetido a estigmas que ele tenta incorporar, simbolizados pelo casamento com Desdêmona, uma mulher branca da elite. Essa união reflete a entrega incondicional de Otelo a um sistema que o marginaliza, enquanto ele tenta se integrar.

A peça explora a cegueira do ciúme como uma alegoria dessa adesão apaixonada, ao mesmo tempo que revela o conflito interno de Otelo e a rejeição de sua ancestralidade, recalculada pela sociedade.

Inspirada por Fanon, a produção desafia o público a refletir sobre as contradições da consciência negra em uma sociedade brasileira contemporânea, ainda marcada pelo legado do escravismo colonial e hegemonizada pelo capitalismo neoliberal. “Otelo, o Outro” propõe uma ruptura com o discurso que define a identidade negra, recusando tutelas e respostas fáceis, enquanto explora o impacto do autoritarismo estrutural na sociedade pós-moderna.

Serviço

Peça “Otelo, o Outro”

Quando: até 8 de setembro

Horário: sexta e sábado, às 20h. Domingo e feriado, às 18h.

Onde: Sesc Santana – Av. Luiz Dumont Villares, 579 – Jd. São Paulo

Ingressos: R$ 60 (inteira), R$ 30 (meia) R$ 18 (credencial plena)

Os ingressos estão disponíveis através do app Credencial Sesc SP, da central de relacionamento digital e presencialmente nas bilheterias das unidades do Sesc.

  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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