Ator André Luís Patrício do longa “Morto não Fala” e da série “Segunda Chamada” fala sobre a carreira e a luta antirracismo
Texto / Juca Guimarães | Edição / Lucas Veloso | Imagem / Acervo pessoal
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A carreira do ator André Luís Patrício está em momento ascendente. Nos cinemas, ele está no longa ‘Morto não Fala’, do diretor Dennison Ramalho, que é adaptado de um conto do jornalista policial Marco de Castro. O enredo é sobre um funcionário do necrotério do IML (Instituto Médico Legal), em São Paulo, interpretado pelo ator Daniel Oliveira, que pode ouvir os mortos.
O roteiro gira em torno do assassinato do Sujo, interpretado por Patrício. O longa retoma com grande estilo a tradição dos filmes de terror feitos no Brasil. A revista New Yorker classificou o filme como um dos melhores do gênero em 2019. O longa já passou por mais de 40 festivais internacionais, sempre muito aplaudido.
Na rede Globo, Patrício está na série “Segunda Chamada”, que começou este mês, sobre o cotidiano violento dos alunos da escola Carolina Maria de Jesus, na periferia de São Paulo. O ator faz o papel de Glauco, um motoboy violento que bate na namorada Aline, a atriz Ingrid Gaigher.
Os dois personagens perpassam pela carreira e pela biografia do ator paulista. Patrício nasceu em Presidente Prudente e chegou em São Paulo, em 2011. A mãe dele foi vítima de feminicídio. Na capital, ele passou um período morando nas ruas.
“O corpo do Sujo é duplamente ‘matável’ porque é negro e vive dentro da marginalidade. O ato de existir, para nós negros, é ilícito. Na sociedade é ilícito”, disse o ator.
Patrício afirma também que o racismo estrutural criminaliza a vida dos negros nas periferias. Ele atuou no filme Ninjas, também dirigido por Dennison Ramalho, que aborda as chacinas cometidas por policiais.
“Ninjas e Morto não Fala são filmes que se complementam nesse momento da história do Brasil. Dizem muito sobre a história do Brasil e sobre ao ataque específico ao nosso grupo social. E como esse ataque constrói a identidade nacional”, afirmou.
Ninjas é um curta-metragem de 2010. O conto original com a história do “Morto não Fala” é de 2004.