Em comemoração aos dez anos de sua primeira vez em solo africano, o fotógrafo baiano Wendell Wagner cruza o Atlântico novamente para estrear a exposição solo “Bafrika – ColágenoAfro” em Moçambique. A mostra visual reúne fotografias realizadas durante a sua passagem pelo Togo, em 2013, e na Bahia nos anos seguintes, e ficará em cartaz todo o mês de setembro no Instituto Guimarães Rosa, em Maputo, capital moçambicana.
Com raízes ancestrais fincadas no Brasil e na África, Wendell Wagner revisita os registros produzidos em seus trânsitos lá e cá e os funde em colagens abstratas que o aproximam do seu pertencimento no mundo. As imagens estampam cenários de Salvador, Lençóis e Itaparica, e abstrações que dialogam com retratos feitos em Aného e Lomé, no oeste africano.
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A técnica de colagem manual que leva o fotógrafo de volta à África o acompanha desde a adolescência e protagonizou a sua primeira exposição solo e independente, lançada em Salvador em setembro de 2023. Segundo Wendell, a possibilidade de unir mundos, pessoas, objetos, elementos da natureza e transformá-los em novas imagens é o que torna real as narrativas propostas no projeto ColágenoAfro.
“A emoção de ter pisado em solo africano me toma até hoje com a mesma sensação que me veio ao estar em uma rua comercial de Lomé, capital do Togo, e me deparar com sua população que dizia muito sobre mim. Era um mar de gente preta ondulando sobre o asfalto, concreto e terra vermelha e, mesmo morando em Salvador, o impacto que aquele acontecimento reverberava em mim era mais forte e familiar do que estar onde nasci”, relembra Wendell Wagner.
Em conjunto com a exposição, o projeto prevê também o desenvolvimento das oficinas de Colagem Manual – Colando na Vida e de Câmera Escura. A primeira atividade propõe apresentar um breve panorama do trabalho de Wendell e das produções que compõem a mostra, e estimular experimentações através da criação de colagens que esbocem as histórias de vida, sonhos e realizações de cada participante.
A segunda oficina, realizada em parceria com o também fotógrafo Meneson Conceição, é uma imersão nas técnicas analógicas de captura de imagens voltada a ensinar como criar de forma lúdica, artesanal e participativa uma câmera escura, experimento precursor da câmera fotográfica tal como conhecemos hoje.