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Fotógrafo percorre rotas da escravidão em busca da memórias de seus ancestrais

24 de abril de 2020

Projeto Sankofa – A África que Te Habita estreia no dia 1 de maio, às 20h30, no canal de TV por assinatura Prime Box Brazil

Texto / Redação | Edição / Simone Freire | Imagem / Divulgação

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O fotógrafo afro-brasileiro César Fraga e o professor doutor de História da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Maurício Barros de Castro, percorreram locais de memória da África moderna a fim de retratar a resistência cultura ancestral incorporada à identidade brasileira.

O registro dessa expedição foi extraído em 10 episódios da série Sankofa – A África que Te Habita, com estreia no dia 1 de maio, às 20h30, no canal de TV por assinatura Prime Box Brazil. A obra também apresenta contos mitológicos narrados pela atriz Zezé Motta.

Partindo de Fortaleza, o projeto viajou por nove cidades das quatro rotas do tráfico transatlântico: Guiné (Cabo Verde, Guiné-Bissau e Senegal), Mina (Gana, Togo, Benim e Nigéria), Angola e Moçambique. A idealização do roteiro partiu da necessidade de César reencontrar suas raízes.

“O que mais me incomodava é essa ausência de informações da África pré-período escravocrata no Brasil. Ficava me perguntando: e antes do navio negreiro, o que acontecia lá?”, questiona o carioca, cuja avó foi escravizada.

A cada destino, César registrou vestígios de monumentos, tradições locais e beleza de povos em fotografias, no seu primeiro trabalho profissional nesta linguagem, que virou exposição e ilustrou o livro Do Outro Lado, com pesquisa histórica escrita por Maurício.

No primeiro episódio da série, César e Maurício explicam as dificuldades de viabilização da viagem, no momento em que o estudo da diáspora africana ganha progressiva relevância mundial. Maurício contextualiza a inscrição do sítio arqueológico do Cais do Valongo na lista de Patrimônio Mundial da Unesco, oficializada em 2018.

Trata-se da maior porta de entrada de escravizados do mundo, localizado na zona portuária do Rio de Janeiro, por onde aproximados um milhão de pessoas passaram. A discussão também ganha profundidade com a análise dos professores doutores de História da África, Mônica Lima (UFRJ) e Paulo de Jesus (UFRB).

Em Senegal, no 3º episódio, César e Maurício conhecem a África muçulmana da colorida e contemporânea capital Dakar. Se surpreendem com a beleza e tranquilidade da Ilha de Gorée, rota com menor número de escravos vindos ao Brasil, mas em sua maioria destinados ao Maranhão.

Coordenadores do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UFMA, Carlos Benedito e Kátia Regis defendem a necessidade de se aprender a herança africana, a exemplo do Tambor de Crioula, em escolas do ensino fundamental no Maranhão, o estado com maior concentração de afrodescendentes do país. A diversidade religiosa também é tema do episódio final. Os viajantes identificam a influência árabe em Moçambique, última rota do tráfico.

As fábulas inseridas em todos os episódios buscam valorizar a cultura oral, transmitida entre gerações como ensinamentos ancestrais que preservam o pensar africano. A história do maior guerreiro do mundo, Ogum, é uma delas. A falecida Tia Maria, guardiã do Jongo da Serrinha, a Iyalorixá de São João do Mereti, no Rio de Janeiro, Mãe Menininha de Oxum, o historiador membro da Academia Brasileira de Letras, Alberto da Costa e Silva, o antropólogo carioca Milton Guran e o sociólogo baiano Muniz Sodré são outros personagens entrevistados pela série.

Sankofa – A África que Te Habita é uma produção da FBL Criação e Produção dirigida por Rozane Braga e roteirizada por Zil Ribas. ‘Volte e pegue’ é o significado de ‘Sankofa’, que em culturas nativas são simbolizadas por um pássaro com a cabeça voltada para trás, o que representa o retorno ao passado para ressignificar o presente e construir o futuro.

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