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Gritaram-me negra: a vida e a arte de Victoria Santa Cruz

24 de julho de 2017

Referência para a cultura negra latino-americana, Victoria Santa Cruz fez sua arte transcender os limites da nação peruana. Sua mensagem ecoa por toda a América, como símbolo de afirmação da identidade negra.

Texto / Vinicius Martins
Imagem / Alma Preta

Poeta, estilista, coreógrafa e folclorista. A peruana Victoria Eugenia Santa Cruz Gamarra é uma figura multitalentosa e histórica para toda a população negra da América. Nasceu em 1922 na província La Vitoria, em Lima, no Peru. Filha do dramaturgo e poeta Nicomedes Santa Cruz Aparicio e da bailarina marinera Victoria Gamarra.

A arte esteve sempre presente em seu dia-a-dia e ao longo de sua existência se constituiu como o principal canal para a auto expressão de sua identidade negra. Posicionou-se contra o racismo em uma sociedade que a pele negra também incomodava.

A chamaram de negra e ela gritou de volta compondo um dos poemas e expressões anti-racistas mais icônicos da história. Usou sua história de vida para falar das aflições de milhões que vivem no continente americano.

O trabalho de vitória Santa Cruz foi importante ao discutir as identidades negras nas sociedades latino-americana, sobretudo no Peru. Foi criadora do grupo teatral Cumanana, ao lado de seu irmão Nicomedes Santa Cruz, algo semelhante ao Teatro Experimental do Negro no Brasil.

O grupo era composto inteiramente por atores e atrizes negras do Peru. Sua intenção era valorizar e disseminar a cultura afro-peruana como forma de consolidar as identidades negras locais.

Estudou em Paris em 1961, na Universidade de Teatro das Nações e na Escola Superior de Estudos Coreográficos. Lá desenvolveu conceitos e ideias que a levaram a criar a companhia Teatro y Danzas Negras del Perú ao voltar da Europa.

O trabalho com a nova companhia rendeu apresentações como representante peruana nos Jogos Olímpicos de 1968, na Cidade do México. Excursionou pelo mundo difundindo a perspectiva cultural afro-peruana e afirmando a importância do combate ao racismo, ao preconceito e à discriminação racial.

Suas apresentações pelos Estados Unidos em 1969 lhe renderam convites para virar professora universitária. Lecionou na Universidade Carnegie Mellon, na Pensilvânia, sendo uma das poucas mulheres negras latino-americanas a alcançar o posto de docente vitalícia da instituição.

No Peru, também foi nomeada diretora do Centro de Arte Folclórica de Lima e dirigiu o Instituto Nacional de Cultura peruano entre os anos de 1973 e 1982. Tendo alcançado feitos notáveis tornou-se uma referência incontestável da cultura negra ocidental.

Victoria Santa Cruz é um dos maiores símbolos de resistência de nosso tempo. Morreu aos 91 anos de idade em 30 de agosto de 2014. Sempre atuante, deixou um legado capaz de atravessar gerações não apenas para cultura peruana, mas para toda a cultura negra das Américas.

Dia da Mulher Afro-latinoamericana e caribenha

No ano de 1992, na cidade de Santo Domingo, República Dominicana, instituiu-se 25 de Julho como o dia da Mulher Afro-latinoamericana e caribenha. A data visa dar destaque à resistência das mulheres negras em toda a América Latina e à luta contra o racismo e o machismo.

O Brasil só adotou a data no calendário oficial da nação em 2 de Junho de 2014, o que sagrou o país como o último a celebrar o dia de maneira oficial. A lei 12.987, proposta de autoria da ex-senadora Serys Slhessarenko, escolheu por homenagear o 25 de Julho com o nome da líder quilombola do Mato Grosso, e transformar a data em Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.

Ao longo das comemorações, o Alma Preta resgata a história de mulheres importantes para a história negra na América Latina.

Conheça também as histórias das brasileiras Luíza Bairros, Tereza de Benguela e Aqualtune.

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