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Grupo Cultural Obará é símbolo de resistência negra no Distrito Federal

Entre os dias 18 e 23 de janeiro, o grupo traz para a capital federal o seminário  “Zumbi não Morreu”, que reúne nomes da cultura afro-brasileira de todo o Brasil

Imagem mostra homem negro, integrante do Grupo Obará, de braços abertos. Ele usa uma camisa social branca.

Foto: Zeu Goes/Obará

5 de janeiro de 2022

Para o candomblé, o Odu Obará significa caminho da prosperidade, da abundância e da satisfação pessoal. É um mensageiro do Orixá do Destino, Ifá. Durante uma consulta de búzios, é através dos Odus que as divindades se comunicam e transmitem seus ensinamentos. Foi com esses valores que o Grupo Cultural Obará se estabeleceu em Brasília e têm passado seus ensinamentos para centenas de jovens negros. 

Há 16 anos como um foco de resistência negra no Distrito Federal, o grupo Cultural Obará traz oficinas de dança, teatro e música para as periferias da capital do país, gerando diversos profissionais da cultura. A grande inspiração é o projeto baiano Olodum, onde seu fundador George Angelo dos Santos foi formado.

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Santos e mais quatro amigos saíram de Salvador e se estabeleceram em Brasília após uma oficina de percussão ministrada na região administrativa de São Sebastião, em 2009. Lá, dezenas de jovens negros puderam conhecer pela primeira vez os instrumentos de percussão. 

“Decidi ficar em Brasília, pois entendo que a Ceilândia precisa, a Estrutural, o Jardins Roriz e todas as regiões periféricas da cidade”, diz Santos. 

Hoje, o grupo está em 14 escolas públicas do Distrito Federal, na Universidade de Brasília (UnB) e no Centro de Dança da W3 Norte. São cerca de 19 professores formados pelas oficinas que a companhia oferece – dança, percussão, audiovisual, capoeira, dentre outras. 

“O Obará utiliza dos ritmos baianos em conjunto com o que vem de Brasilia, porque pobre e preto tem realidades semelhantes, não importa o estado geográfico que se esteja”, comenta o músico. 

Primeiro seminário de arte negra

Entre os dias 18 e 23 de janeiro, o grupo vai reunir nomes da cultura afro-brasileira e de matrizes africanas para seu primeiro seminário de arte negra. O evento “Zumbi não Morreu” vai reunir nomes como Carlinhos Brown e João Jorge, presidente do Olodum, além de sacerdotes de religiões de matrizes africanas de diversos estados do Brasil.

Mestres da cultura tradicional, músicos e artistas, profissionais da saúde e parlamentares participam de várias rodas de conversa. O destaque vai para a participação, de forma online, de Carlinhos Brown, fundador da Timbalada, inspiração para diversos projetos sociais como o Obará.  

De acordo com a organização, também está na programação a apresentação do livro “Fala Negão, o Discurso sobre a Igualdade”, do presidente do Olodum João Jorge Rodrigues, lançado em agosto de 2021. Trata-se de uma coletânea de textos escritos e publicados, além de registros de conferências e entrevistas realizadas no período de 1983 a 2021.

“Ao contrário que uma grande parte das pessoas pensam, Brasília é cheia de favelas e as pessoas só enxergam a gente nesse momento político. Por isso, vamos promover esse evento logo no início do ano”, diz o percussionista e produtor cultural baiano George Angelo dos Santos, fundador do grupo.

Santos reitera que a cultura negra precisa ser vista a todo momento do ano e não apenas nos meses de novembro, quando é o feriado da Consciência Negra. O evento é uma iniciativa em conjunto com a Secretaria de Turismo do DF e contará com 70 vagas. As inscrições serão abertas em breve e estarão disponíveis nas redes sociais do grupo

“A gente precisa ecoar as vozes de um povo negro que é, na verdade, dono da cultura, mas que as pessoas tentam apagar. Trazendo abundância para a vida de jovens negros”.

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