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Henrique Max: a lente das periferias para o mundo

11 de novembro de 2019

Conheça o jovem fotógrafo de Sapopemba, zona leste, que busca mudar a sua realidade por meio da arte; Essa reportagem faz parte do projeto Pense Grande, iniciativa da Fundação Telefônica Brasil, em parceria com o Alma Preta, Desenrola E Não Me Enrola, Historiorama, Periferia em Movimento e Agência Mural de Jornalismo das Periferias

Texto / Aline Bernardes | Imagem / Henrique Max

“Minhas fotografias são um vetor entre o que acontece no mundo e as pessoas que não têm como presenciar o que acontece”. A frase de Sebastião Salgado também traduz o sentimento de um jovem periférico que sonha em mudar a perspectiva da sociedade através de suas lentes.

Henrique Max da Silva Souza, ou Tony2T, 21 anos, carrega dois dos sobrenomes mais comuns do Brasil, mas diferencia-se em sua arte. Nascido no Sapopemba, zona leste de São Paulo, Henrique vive a cidade em busca de exposições e locais para apresentar seu trabalho.

Um dos locais mais procurados são as Fábricas de Cultura, ambiente com oportunidade de acesso gratuito a diversas atividades artísticas que recebe iniciativas de pessoas das periferias.

O começo

“Tudo começou quando eu ganhei uma câmera semiprofissional de um amigo”, conta. O presente, porém, não veio porque Henrique gostava de fotografia, mas sim por gostar de ajudar os amigos.

“Muitos colegas estavam iniciando os seus trabalhos no mundo do skate, outros queriam se tornar Youtuber, então eu decidi ajudar na gravação”, explica.

Após algum tempo, Henrique foi convidado a cobrir um casamento, um trabalho até então fora da sua realidade e que pedia um equipamento de fotografia e filmagem adequado. “O noivo confiou em mim, disse que conhecia o que eu fazia e comprou uma câmera profissional pra mim”.

Tony já estava apaixonado pelo universo da fotografia, mas precisava completar a sua renda mensal. Na gana de conseguir um trabalho, levou seu currículo para ser avaliado na Fábrica de Cultura de Sapopemba. As vagas para trabalhar, porém, já estavam esgotadas.

Apesar da negativa, Henrique viu uma outra oportunidade na Fábrica. “A pessoa que me atendeu naquele dia disse que havia um curso de fotografia e eu me interessei”, conta. O curso foi um momento muito importante para a carreira do jovem.

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Foto: Henrique Max 

No final do primeiro bimestre do curso de fotografia na Fábrica de Cultura, Henrique e seus colegas precisaram entregar o primeiro projeto: fotos naturais. O segundo projeto foi maior, o curta-metragem “O camarin 2”.

Já no segundo bimestre do curso, a vontade de mostrar a própria comunidade foi o norte dos trabalhos. Com o nome #TodaArteÉPoesia, a exposição tinha o objetivo de revelar a beleza de Sapopemba e dos bairros próximos. “Até um simples grafite era importante”, disse.

E para finalizar, o último projeto foi outro curta-metragem, este com um cunho social. “Nós atacamos tudo o que acontece no nosso país hoje como a causa LGBTQI+, bullying e intolerância religiosa”.

O professor o incentivou a seguir no universo da fotografia e inclusive inspirou Henrique a formar outras pessoas. “Como me ajudaram um dia, eu também quero ajudar”.

Henrique Tony então começou a dar aulas de fotografia para jovens como ele e hoje já conta com doze alunos.

Praças, casas, qualquer espaço público em Sapopemba se torna uma possível sala de aula. É a oportunidade de transformar a vida de garotos e garotas, como o curso da Fábrica de Cultura Sapopemba fez com ele.

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Foto: Henrique Max

Projetos

O fotógrafo vê na sua função a chance de transformar a realidade e denunciar as condições de violência a qual estão submetidos os moradores das periferias. “De certa forma é uma causa muito forte e me identifico com a busca de verdades e mudanças”, disse.

Henrique Tony contou que os objetivos que traçou no ano de 2019 foram realizados e que para o próximo ano espera ter seu próprio estúdio de fotografia, áudio e vídeo. “Eu encaro minhas fotografias como expressão da realidade que está em minha volta, de como eu a sinto e a vejo”.

Em sua página nas redes sociais, Henrique mostra todo o seu processo criativo, além de atualizar sobre as novas produções. Uma das mais recentes foi a conquista no projeto #PenseGrandeSuaQuebrada.

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Foto: Henrique Max

Pense Grande, Sua Quebrada

O Pense Grande, da Fundação Telefônica Vivo, reúne cinco coletivos de comunicação das periferias de São Paulo: Alma Preta, Desenrola e não me enrola, Historiorama, Periferia em Movimento e Agência Mural. O objetivo do projeto é o de democratizar a linguagem e o acesso ao universo do empreendedorismo social.

A partir da provocação desses coletivos à Fundação Telefônica, surgiu o concurso cultural Pense Grande Sua Quebrada. Moradores das periferias de São Paulo foram convidados a fotografar seus territórios e traduzir “seus talentos e seu poder de transformação” por meio da foto.

Com um celular na mão, pessoas ou iniciativas que transformam positivamente as quebradas da cidade de São Paulo eram registradas. Em setembro, os coletivos convidaram jovens entre 15 e 29 anos para contarem as histórias de suas comunidades por meio de fotos.

Cinco fotos foram escolhidas, entre elas, a do Henrique Max. “Foi um trabalho que tive com um grupo do curso foto e vídeo”, disse ele, “pudemos mostrar que se pararmos para admirar, podemos enxergar a beleza e a arte que aqui existe”, completou.

O nome da obra vencedora foi “toda arte é poesia”. Para o fotógrafo foi a oportunidade de mostrar em um projeto importante, que a cultura não está disponível só para as classes mais altas. “Graças ao concurso, muitas pessoas começaram a viver em seus bairros de verdade, frequentar a Fábrica de Cultura, enxergar a periferia com outros olhos”, concluiu.

Pense Grande Sua Quebrada é um esforço coletivo do Programa Pense Grande, iniciativa da Fundação Telefônica Brasil , em parceria com o Alma Preta, Desenrola E Não Me Enrola, Historiorama, Periferia em Movimento e Agência Mural de Jornalismo das Periferias com o objetivo de democratizar a linguagem e o acesso das juventudes periféricas ao ecossistema de #EmpreendedorismoSocial.

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