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Jornalista celebra resistência das primeiras mulheres de terreiro em novo livro

"Exu-Mulher e o Matriarcado Nagô" será lançado no dia 31 de janeiro, no Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira, em Salvador
A imagem mostra a jornalista Claudia Alexandre, autora da obra 'Exu-Mulher e o Matriarcado Nagô', que será lançada na próxima quarta-feira (31), em Salvador.

Foto: Divulgação

27 de janeiro de 2024

No próximo dia 31, às 18h30, o Museu Nacional de Cultura Afro-Brasileira (Muncab), em Salvador, receberá o lançamento do novo livro da jornalista e cientista da religião Claudia Alexandre, “Exu-Mulher e o Matriarcado Nagô – sobre masculinização, demonização e tensões de gênero na formação dos candomblés”. A obra está disponível para compra on-line, no link.

O evento terá uma roda de conversa com participação da prefaciadora, a socióloga Núbia Regina Moreira, coordenadora do grupo de pesquisa Ojú Obìnrín Observatório de Mulheres Negras e professora da Universidade do Sudoeste da Bahia (UESB). Haverá sessão de autógrafos e venda de livros no local. 

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“Exu-Mulher e o Matriarcado Nagô” questiona sobre representações femininas de Exu que não foram inseridas na definição do corpo das tradições iorubá-nagô dos primeiros candomblés na Bahia. A obra insere registros e informações sobre as experiências e protagonismo de mulheres negras — africanas, escravizadas, alforriadas, libertas — que resistiram às opressões patriarcais para manter suas práticas ancestrais. 

O livro é baseado na tese de doutorado da autora, defendida em novembro de 2021, eleita a Melhor Tese do Ano pelo Programa de Ciência da Religião da PUC-SP.

Claudia Alexandre também possui uma vasta produção sobre sambas e escolas de samba de São Paulo e é autora do livro-dissertação “Orixás no Terreiro Sagrado do Samba: Exu e Ogum no Candomblé da Vai-Vai”, pela Editora Aruanda.

Exu-Mulher e o Matriarcado Nagô

Ao abordar a demonização, o livro aponta o racismo religioso como uma das opressões sociais que atravessa a ambiguidade do orixá Exu, principalmente quando reivindica o lado feminino do orixá. Algo pouco explorado na literatura sobre a formação dos candomblés de tradição iorubá-nagô, que cultuam Exu-Legba-Legbara-Elegbara. 

Durante a pesquisa, a autora percorreu os três terreiros fundantes, em Salvador, na Bahia, que ainda mantêm o sistema matriarcal: Casa Branca do Engenho Velho, Ilê Opó Afonjá e Terreiro do Gantois. O resultado foi a constatação de que, apesar da liderança das mulheres, houve tensões na relação com o orixá Exu, o que exigiu dissimulações e negociações por parte das poderosas ialorixás, em relação à dominação da Igreja Católica. A masculinização e a demonização foram as principais transformações que Exu sofreu na travessia atlântica.

No livro estão disponíveis imagens e representações de figuras femininas de Exu, evidenciando que a diáspora negra ainda mantém muitos fragmentos de violências que alteraram a relação do povo negro com sistemas de crenças ainda presentes na cosmologia africana.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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