Em um resgate da história e da cultura afro-brasileira, a Mangueira levará para a Sapucaí no Carnaval 2025 a história dos povos Bantu na capital do Rio de Janeiro. Com o tema “À Flor da Terra – No Rio da Negritude Entre Dores e Paixões”, o enredo foi trabalhado pelo economista, pesquisador e professor Sidnei França, convidado pela escola.
O carnavalesco desenvolveu o enredo a partir da leitura da dissertação de mestrado do professor Júlio César Medeiros, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), intitulada “A flor da Terra: o Cemitério dos Pretos Novos no Rio de Janeiro”. O artigo aborda a violência contra os negros escravizados e mortos após a chegada dos navios na região da Baía de Guanabara.
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Em entrevista à Agência Brasil, Sidnei França explicou que as mortes dos negros escravizados representava o rompimento com os laços ancestrais e suas identidades.
Apesar disso, 80% dos negros desembarcados no Rio eram da cultura Bantu, da África Central. Esse dado levou a escolha do enredo em respeito a predominância na cultura.
“A ideia não é reforçar o viés de passividade, de conformismo e muito menos de vitimização jamais. Vamos mostrar da perspectiva preta o tempo inteiro”, comentou.
Do enredo para o desfile
O desfile será dividido entre setores, mostrando a influência da cultura Bantu na capital fluminense, desde a travessia dos negros escravizados vindos da África para o Rio. Em seguida, serão abordadas as religiões de matriz africana e a construção das Casas de Zungu, locais de importância política e grandes centros de resistência africana, que serviram como ponto de acolhimento para escravizados.
O samba e o funk também estarão presentes, para ressaltar a negritude e trazer visibilidade à tradição Bantu na capital fluminense. A Mangueira é a quarta escola a dar início ao primeiro dia de desfiles do Grupo Especial, na Marquês de Sapucaí, no domingo (2).