A minissérie sobre a trajetória da primeira mulher afro-americana a ficar milionária chega ao catálogo da Netflix em 20 de março. “A Vida e a História de Madam C.J. Walker” será contada em quatro episódios protagonizados por Octavia Spencer, vencedora do Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por “Histórias Cruzadas”.
Nascida em Louisiana, em 1867, Madame C.J. Walker, como ficou conhecida Sarah Breedlove, criou um império de cosméticos para cabelos crespos nos Estados Unidos. Visionária, a empreendedora entrou para o ramo de negócios por conta das dificuldades que enfrentava para cuidar do próprio cabelo, situação comum às mulheres negras até hoje.
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Monique Evelle, jornalista, idealizadora de negócios sociais de comunicação, educação e empreendedorismo social, e autora do livro “Empreendedorismo feminino: olhar estratégico sem romantismo”, conhece a história da Madame C.J. Walker há anos e destaca a importância da minissérie para o mundo.
“Essa minissérie surgiu no momento que o mundo precisava, pois está pipocando debates sobre empreendedorismo e empreendimentos liderados por pessoas negras. É bom saber também que a história de Walker não é apenas sobre sobrevivência. A história dela é sobre ausência, pois quando não existiam produtos para seus cabelos crespos ela decidiu criar algo para pessoas parecidas com ela. São poucas as histórias como a dela que viram filmes e séries a nível da Netflix”, conta.
Referências negras
A história de Monique Evelle também já foi tema de um episódio da série “Os Originais”, da Netflix, que reúne mini documentários sobre pessoas que quebram estereótipos e escrevem suas próprias histórias com autenticidade. Aos 25 anos, a baiana acumula uma série de conquistas. A profissional é fundadora do portal Desabafo Social e sócia da SHARP, que atende clientes como Ambev, Google, Pernod Ricard, entre outros.
Para ela, produções audiovisuais como a minissérie sobre a história da Madame. C.J. Walker são fundamentais para a trajetória de empreendedores negros.
“É a partir de produções audiovisuais que outras pessoas negras na jornada do empreendedorismo poderão buscar suas referências. Saber a história de outras pessoas garante opções para a gente se inspirar. Não se trata de copiar o trabalho do outro, mas de pelo menos não desanimar. Quanto mais referências a gente tem, mais chances temos de nos erguer”, explica.
“Empreendedores não negros sobrevivem de citações de outras pessoas e nós precisamos citar e homenagear as pessoas que se parecem com a gente, sobretudo negras. Se eu tenho uma referência negra que faz todo sentido para o que eu faço e apoio, eu vou citá-la e fazer com que ela continue a existir no nosso imaginário”, acrescenta.
Monique Evelle ressalta ainda que ter como referências empresários negros que construíram fortunas é um ponto positivo para as novas gerações independentemente se elas vão seguir uma carreira no empreendedorismo ou em outra área.
“As novas gerações podem seguir carreiras de empresários ou de professores, juízes, médicos, etc. A diferença é que com referências negras no empreendedorismo, elas terão uma outra visão do que é o mundo dos negócios. É um espelho para a nova geração que ainda não decidiu o que quer fazer da vida (e tudo bem), mas que terá mais uma opção caso decida empreender e, quem sabe, vir a se tornar milionário também”, diz.