Texto: Divulgação / Edição de Imagem: Pedro Borges
Iniciada em novembro, a mostra segue com uma programação abrangente sobre artes e expressões culturais que valoriza, confere visibilidade, abre espaço ao debate e celebra o protagonismo negro
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Motumbá é uma palavra de origem Yorubáque. Mais do que uma saudação, significa bênção entre os nagôs. Criar uma mostra artística que valoriza a representatividade da produção proveniente de matrizes africanas legitimadas por trajetórias de vida, posicionamentos sociopolíticos e estéticos são eixos para essa programação que saúda e celebra o protagonismo das expressões culturais negras. Assim pode ser resumida, de forma muito singela, a nova proposta do Sesc Belenzinho, “Motumbá: Memórias e Existências Negras”, que se inicia em novembro, mês que comemora a consciência negra, e segue em cartaz até março de 2017. As atividades promovidas irão ocupar diversos espaços abertos e fechados da unidade [Comedoria, Teatro, Praça, Sala de Espetáculos I e II, Convivência, Oficinas] para apresentar ao público atrações de música, dança, teatro, performance, literatura, cinema, artes visuais e rodas de reflexão e debate.
“Motumbá: Memórias e Existências Negras”, na opinião da equipe de programação e curadoria do Sesc e do co-curador convidado, João Nascimento, “é uma oportunidade para construir e apresentar a diversos públicos um abrangente panorama artístico produzido por brasileiros, bem como artistas estrangeiros convidados. Reunir,em um único espaço, artistas da cena preta como um ato simbólico de afirmação, valorização e fortalecimento das culturas de resistência ao mercado eurocêntrico que privilegia determinadas linguagens, estilos e pensamentos. Esta mostra contempla a magnitude de poéticas, estéticas e temáticas a partir de abordagens representativas produzidas e interpretadas por grupos e artistas negros e/ou periféricos e/ou trabalhos sólidos que possuem profundidade e verticalidade em pesquisas acerca de uma cultura brasileira de matrizes africanas, legitimados por trajetórias de vida e posicionamentos sociopolíticos”.
Ainda de acordo com a equipe de curadoras e curadores, “é central a noção de representatividade nessa iniciativa que propõe dar visibilidade para a produção artística negra, abrindo espaço para debates, circulação de pensamentos e construção de olhares contemplativos que questionem preconceitos e noções hegemônicas sobre as artes e manifestações culturais. Com isto, espera-se estimular a ressignificação de termos pejorativos, hábitos eurocêntricos culturais herdados por uma história que folcloriza, estereotipa e não abarca potências das artes de matrizes negras e periféricas”.
Para isso, “Motumbá: Memórias e Existências Negras” pretende recontar mitos, trazer para o foco das discussões memórias e tradições, apresentar novas linguagens e criações, discutir a existência, problematizar e refletir a história e suas narrativas para, então, descortinar o véu que ofusca e esconde as belezas negras da sociedade brasileira.
Programação
De acordo com a equipe de curadoria, a programação reflete o objetivo central do projeto como um todo, que é ampliar experiências estéticas, políticas, noções culturais e conceitos gerais a respeito das artes negras, de seus protagonistas, matrizes e diversidades de suas expressões. Em última instância com isto se quer aproximar públicos variados, crianças, jovens, adultos e idosos, além de todos os gêneros e transgêneros deste segmento cultural fundante de nossas identidades brasileiras e, ainda, questionar preconceitos e reducionismos fáceis.
Em relação às performances musicais da chamada “Música Preta”, o eixo curatorial se orienta a partir de dois vértices principais: a ideia de diáspora africana – como elemento difusor das sonoridades, timbres, estilos e modos de criação próprios às culturas daquele continente-mãe – e o protagonismo político negro, com suas vertentes feminista, transe outros ativismos periféricos. Confira, abaixo, os destaques da programação de novembro.
Opanijé
Dia: 19 de novembro (sábado)
Hora: 21h30
Em sua apresentação, os integrantes do grupo Opanijé – Lázaro Erê (voz e letras), Rone Dum-Dum (voz e letras),Dj Chiba D (toca-discos) e Zezé Olukemi (percussão)– brindarão o públicocom letras que exaltam a cultura negra e a ancestralidade africana, reunindo samplers, efeitos e batidas eletrônicas ao que há de mais tradicional na cultura afro-baiana, como berimbaus, instrumentos percussivos e cânticos de candomblé. Juntos desde 2005, os músicos, em sua trajetória, já dividiram o palco com o rapper paulistano Thaide(no Carnaval), do projeto Soletrando Atitudes (Escola Estadual João das Botas), com o rapper carioca B. Negão, do Pelourinho na Rota da Rima. Eles também se apresentaram com o consagrado grupo Z’África Brasil, do Blackitude+Zumbi, junto aos rappers haitianos do Vox Sambou e Diegal, do grupo Nomadic Massive, radicado no Canadá, e no Festival Hip Hop Zumbi,que contou com as participações dos norte-americanos Nobody Famous e Dj Bobbyto (espetáculo não recomendado para menores de 18 anos; ingressos a R$ 6, R$ 12 e R$ 20).
Dança
Dentro da mostra “Motumbá: Raízes e Existências Negras”, as atividades relacionadas à dança foram idealizadas a partir da busca por grupos que se dedicam à pesquisa e criação, estabelecendo interfaces entre os universos das tradições e aquilo que se convenciona de contemporâneo. Além desse foco, a proposta é contemplar apresentações de grupos que não falem diretamente sobre o tema, mas, antes, que tragam em suas formações e corporeidades a vivência negra e periférica.
O Corpo Negro na Dança e “Um Filme de Dança”
Dia: 24 de novembro (quinta-feira)
Hora: 20h
A palestra O Corpo Negro na Dança será seguida de exibição do longa-metragem “Um Filme de Dança”. A atividade, que se concluirá com um debate, tem à frente a coreógrafa, pesquisadora e realizadora audiovisual Carmen Luz, autora do filme (censura livre; grátis).
Mix Memória
Dias: 25 a 27 de novembro (sexta, sábado e domingo)
Hora: sexta e sábado, às 21h30; domingo, às 18h30
O espetáculo Mix Memória, com a Cia Étnica, foi concebido como uma tradução, em dança e imagens, do provérbio africano Sankofa: “O que quer que seja que tenha sido perdido, esquecido, renunciado ou privado, pode ser reclamado, reavivado, preservado ou perpetuado”. MixMemória reúne, decompõe e rearticula para o presente alguns objetos, vídeos, células e coreografias criados pela companhia entre 2004 e 2015 (espetáculo livre; ingressos a R$ 6, R$ 10 e R$ 20).
“Todo Corpo Importa – Poéticas para Imaginar, Viver e Dançar”
Dias: 25 a 27 de novembro (sexta, sábado e domingo)
Hora: sexta e sábado, das 15h às 19h; domingo, das 13h às 17h
Conduzida pela Cia Étnica, esta oficina foi idealizada a partir dos temas do encontro, da memória e da igualdade. Aatividade, concebida pela coreógrafa Carmen Luz, propõe estimular e preparar o corpo, a imaginação e o pensamento dos participantes para a experimentação e a criação dos processos denominados, AREC – Atos de Resistência, Existência e Convivência (não recomendado para menores de 16 anos; grátis)
Fique ligado para o que está por vir:
A mostra se estenderá em dezembro e durante os primeiros meses de 2017. Em música, estão previstos shows variados, como “Hip Hop das Minas”, sob o comando de Yzalú e parceiras do hip hop, do ativismo periférico e do feminismo negro; o “Baile dos Orixás”, com Guga Stroeter& Orquestra HB; Tião Carvalho e grupo Cupuaçu, entre outros. Em dança, entre os destaques, os espetáculos “ Yebo”, com Gumboot Dance Brasil, e “O Reino do Outro Mundo – Orixás, com a Cia Rubens Barbot, e “Terreiro Urbano, com o grupo Treme Terra.No palco, Monica Santana apresentará a peça “Isto Não É Uma Mulata” ePriscila Rezende protagonizará a performance “Bombril”, que reflete a inferiorização à qual o negro é submetido devido a sua estética. Também estão previstos debates, exibição de filmes e ateliês de artes manuais.
Sobre o co-curador
João Nascimento
Diretor presidente do Instituto Nação, coordenador do Ponto de Cultura Afrobase, diretor fundador da Cia de Arte Negra Treme Terra, idealizador curador dos projetos Escola do Samba, Sarau Afrobase, AGÔ Mostra de Arte Negra e Quebrada Cultural. Pesquisador de cultura afro-brasileira e relações étnico-raciais, co-criador da trilogia Zumbi Somos Nós (Documentário, CD e Livro) com o coletivo Frente 3 de Fevereiro. Dirigiu os álbuns musicais Rapsicordélico, Sinfonia de Arames, AFRO2 Laboratório Sonoro de Ritmos AfroBrasileiros e Cultura de Resistência. Músico graduado na Universidade Anhembi Morumbi no curso de Produção Musical.
Serviço:
Motumbá: Memórias e Existências Negras
Local: Sesc Belenzinho
Endereço: Rua Padre Adelino, 1000, Belenzinho, São Paulo (SP)
Mais informações: (11) 2076-9700 ou www.sescsp.org.br/belenzinho e http://www.sescsp.org.br/programacao/107905_M+O+T+U+M+B+A++MEMORIAS+E+EXISTENCIAS+NEGRAS#/content=programacao
Agendamento de grupos: pelo email [email protected] ou (11) 2076-9704. Atendimento das 10h às 17h.
Estacionamento: Credencial Plena – Primeira hora: R$ 4,50. Adicional por hora: R$ 1,50.
Outros – Primeira hora: R$ 10,00. Adicional por hora: R$ 2,50. Preço promocional para espetáculos – CredencialPlena: R$ 5,50. Outros: 11,00.