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Movimentos sociais pedem para que Milton Nascimento cancele show em Israel

13 de maio de 2019

Diversos outros artistas internacionais, como Lauryn Hill e Snoop Dog, cancelaram shows no país; Para Desmond Tutu, arcebispo sul-africano e vencedor do Nobel da Paz, cantar em Israel é o mesmo de se apresentar no seu país durante o Apartheid

Texto / Pedro Borges
Imagem / Divulgação

Milton Nascimento, um dos principais nomes da música brasileira, tem show marcado para Israel, em 30 de Junho. Em virtude disso, diversos movimentos sociais têm se manifestado com um pedido para que o artista cancele a apresentação em forma de denúncia da violência causada pelo Estado de Israel contra os palestinos.

No documento, os ativistas afirmam que o “povo não está com o Apartheid”.

“Tocar em Israel vai na contramão disso. Significa endossar políticas e práticas racistas, coloniais e de apartheid – ilegais sob o direito internacional”.

Os manifestantes recordam que Israel viola uma série de tratados internacionais e repete de maneira cotidiana práticas discriminatórias contra o povo palestino. De acordo com o texto, Israel se utiliza de apresentações com artistas reconhecidos para validar e reconhecer o Estado judeu.

O arcebisbo sul-africano e Nobel da Paz, Desmond Tutu, crítica a apresentação de artistas em Tel-Aviv e recorda o regime racista do Apartheid.

“Assim como dissemos que era inapropriado para artistas internacionais tocarem na África do Sul durante o apartheid, em uma sociedade fundada em leis discriminatórias e exclusividade racial”.

Outros artistas também cancelaram shows em Israel, como forma de protesto e denúncia, caso de Lauryn Hill, Roger Waters (Pink Floyd), Snoop Dog, Carlos Santana, Cold Play, Lenny Kravitz, Elvis Costello e Linn da Quebrada.

Confira o texto na íntegra

Querido Milton Nascimento,

Com admiração pelo seu trabalho e compromisso histórico com lutas por liberdade, justiça e igualdade, pedimos que cancele seu show em Israel, previsto para 30 de junho. Aprendemos com sua música que todo artista tem que ir aonde o povo está. Certamente o povo não está com o apartheid, a colonização e a ocupação. O coração de estudante, que agora se levanta no Brasil pelo direito à educação, não bate pelo apartheid israelense, que impede esse e outros direitos humanos fundamentais aos palestinos. Os povos da floresta não concordam com a colonização. A “semente da terra” não pode germinar sob o sangue dos oprimidos, o sangue dos palestinos derramado cotidianamente pela ocupação israelense.

Tocar em Israel vai na contramão disso. Significa endossar políticas e práticas racistas, coloniais e de apartheid – ilegais sob o direito internacional.

Ademais, o governo israelense apresenta os shows em Israel como um sinal de aprovação a suas políticas. Israel viola sistematicamente o direito internacional ao impedir o retorno dos refugiados palestinos, ao colonizar e ocupar a Cisjordânia e a Faixa de Gaza e ao discriminar sistematicamente os palestinos hoje cidadãos de Israel. As políticas discriminatórias de Israel também se manifestam contra refugiados e migrantes africanos: recentemente milhares de etíopes foram brutalmente reprimidos ao protestarem contra o racismo no país.

Nosso pedido faz coro ao chamado de artistas e da sociedade civil palestina para que artistas não se apresentem em Israel.

Entre aqueles que responderam a esse chamado, cancelando seus shows em Tel-Aviv, estão Lauryn Hill, Roger Waters (Pink Floyd), Snoop Dog, Carlos Santana, Cold Play, Lenny Kravitz, Elvis Costello e Linn da Quebrada.

O arcebisbo sul-africano Desmond Tutu, Nobel da Paz, é um importante apoiador desse chamado e explica que apresentar-se em Tel-Aviv é errado, “assim como dissemos que era inapropriado para artistas internacionais tocarem na África do Sul durante o apartheid, em uma sociedade fundada em leis discriminatórias e exclusividade racial”. Apresentar-se em Israel seria como fazer um show em Sun City na África do Sul do apartheid.

Por favor, não ignore esse chamado. Os palestinos não querem mais a morte, têm muito o que viver! Quem cala morre com eles, quem grita vive com eles. A voz que vem do coração diz não ao apartheid!

BDS Brasil
BDS México
Frente em Defesa do Povo Palestino
Comitê do Grande ABC/SP de Solidariedade ao Povo Palestino
Comitê de Solidariedade com a Palestina – Bahia
Campanha Global pelo Retorno à Palestina – Brasil
Instituto Brasil Palestina (Ibraspal)
Estudantes em Solidariedade ao Povo Palestino – USP
Associação Islâmica de São Paulo
Soweto Organização Negra
Quilombo Raça e Classe
Coletivo de Entidades Negras (CEN)
Ciranda Internacional de Comunicação Compartilhada
CSP-Conlutas – Central Sindical e Popular
CUT Brasil – Central Única dos Trabalhadores
Marcha Mundial das Mulheres
MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
Cebrapaz – Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz
PSOL- Partido Socialismo e Liberdade
PSTU – Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado
Unisol Brasil – Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários
Rogério Ferrari, fotógrafo
Ashjan Sadique Adi, psicóloga
Sadique Adi, comerciante
Rahma Beirat, comerciante
Qaher Adi, autônomo
Iman Adi, professora
Christina Queiroz, jornalista
Lucia Rodrigues, jornalista
Soraya Misleh, jornalista
João Baptista M. Vargens, Setor de Estudos Árabes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Mona Mohamad Hawi, professora de Língua Árabe do Departamento de Letras Orientais da Universidade de São Paulo (USP)
Dina Alves – Advogada, feminista negra e abolicionista penal

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