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Mulheres negras: 20 nomes que estão mudando a cara do cinema brasileiro

19 de março de 2019

Por acaso não estão as mulheres negras mudando não a cara, mas o corpo, as janelas e os modos de produção do cinema?

Texto / Dandara de Morais e Mariana Souza
Imagem / Reprodução

No dia 8 de março de 2019, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, o site AdoroCinema publicou uma lista dos “10 nomes que estão mudando a cara do cinema brasileiro”. Dos nomes citados na lista, apenas uma mulher negra. Mais uma vez, a falta de representatividade se volta para as mulheres negras.

O que faz as outras serem maioria? A pergunta parece retórica, mas ela precisa de uma resposta. Seria a falta de mulheres negras capazes de representar a cara do cinema brasileiro? Por acaso não estão as mulheres negras há séculos lutando contra a corrente de apagamento presente nesta lista? E no mercado de trabalho. E nas universidades. E nas lideranças políticas…

Por acaso não estão as mulheres negras mudando não a cara, mas o corpo, as janelas e os modos de produção do cinema? E não somos nós mulheres fazendo cinema? Não somos nós mulheres e maioria da população brasileira? E não somos nós mulheres?

A seguir, um levantamento realizado por nós, mulheres negras, de uma lista que representa o trabalho que fazemos, que queremos ver e que valorizamos. Uma reflexão foi feita ao elaborar esta lista. Ela encosta em marcadores fundamentais para entender como resistimos nos espaços de trabalho e, além disso, como mudamos o cinema feito no Brasil.

Para tentar encontrar a resposta daquela primeira pergunta, leia esta lista e pense: Quantos desses nomes você conhece? Com quantas dessas mulheres você já trabalhou? Quantas delas você já convidou para trabalhar e pagou o valor de trabalho devido? Quantas delas você já viu trabalhando com a mesma infraestrutura disponível para você? E quantas são as mulheres negras que não estão nesta lista e sobre as quais essas perguntas podem ter respostas positivas?

Confira a lista:

Luciana Oliveira (Aracaju – SE)

Idealizadora e curadora da EGBÉ – Mostra de Cinema Negro de Sergipe, uma das maiores janelas de Cinema Negro do Brasil que está em sua IV edição, idealizadora, coordenadora de mesas e oficinas do Sercine – Festival Sergipe de Audiovisual. Mestre em Cinema e Narrativas Sociais pela UFS, dirigiu o documentário O corpo é meu, ministra oficinas de audiovisual na Rolimã Filmes e atua como figurinista.

Viviane Ferreira (Salvador – BA)

Presidente da APAN – Associação dxs Profissionais do Audiovisual Negro, Viviane é a segunda mulher negra a dirigir sozinha um longa metragem de ficção, o filme Dia de Jerusa. Sócia da ODUN Formação e Produção, produtora com base em São Paulo, e diretora artística do Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul, a primeira mostra com foco em cinema negro da América Latina.

viviane ferreira cinema tv brasil

Everlane Moraes (Aracaju – SE)

Cineasta documentarista formada pela EICTV – Escola Internacional de Cinema e TV – Escreveu e dirigiu o curta metragem Caixa D’água: Qui-lombo é esse? que recebeu os prêmios de Melhor Filme no Sercine, Melhor Curta metragem e Menção Honrosa no V Cachoeira Doc. Estreou seu novo filme Pattaki no 48 Festival Internacional de cinema de Rotterdam e é a grande homenageada da IV EGBÉ.

Janaína Oliveira (Rio de Janeiro – RJ)

Curadora de festivais nacionais e internacionais de cinema, idealizadora e coordenadora do FICINE, Fórum Itinerante de Cinema Negro e pesquisadora de Cinema negro no Brasil e na diáspora. Em 2019 foi a responsável pela mostra Alma no Olho – O Legado de Zózimo Bulbul e o cinema negro brasileiro contemporâneo que exibiu mais de 20 filmes no 48 Festival Internacional de Cinema de Rotterdam. Janaína é a nova consultora para filmes da África e da diáspora do Locarno Film Festival.

Safira Moreira (Salvador – BA)

Diretora e fotógrafa, Safira dirigiu o curta-metragem Travessia exibido e premiado no Brasil e exterior, entre eles o Grande Prêmio do Jurí na Semana de Cinema, Melhor Montagem, Melhor Curta e Menção Honrosa no X Janela Internacional de Cinema do Recife e Prêmio Revelação 2018 no Festival de Cinema Luso-Brasileiro de Santa Maria da Feira. Assinou a fotografia o curta Eu, minha mãe e Wallace dos Irmãos Carvalho e do longa-metragem documental Hixikanwe – Estamos Juntas, de Débora Britto.

Aretha Sadick (São Paulo – SP)

Kuir, Transviada e Drag Queen. Multiartista que usa as artes visuais, performance e música eletrônica como plataformas para falar de suas experiências e questionamentos como corpo/pessoa negra na sociedade. Estrelou os curta metragens BR_RIP, de Carlos Eduardo Nogueira, Preciso Dizer que Te Amo, de Ariel Nobre e NEGRUM3, de Diego Paulino. NEGRUM3 foi premiado como Melhor Filme pelo Júri Popular na 22ª Mostra de Cinema de Tiradentes

aretha

Francine Barbosa (Rio de Janeiro – RJ)

Roteirista, escreve para cinema e TV. Participou da equipe de roteiro dos longas-metragens A Cidade Aqui Dentro, de Matias Mariani e Castela de Dea Ferraz. Para TV, desenvolveu projetos de seriados para diversas produtoras e foi roteirista da série A Revolta dos Malês de Jeferson De, da série A Facção da Netflix e Malhação – Viva a Diferença da Rede Globo. Participa de comissões de seleção de editais de audiovisual e laboratórios como Brlab, ProAC-SP, além de curadoria em festivais de curtas metragens. É professora de roteiro desde 2015.

Day Rodrigues (Santos – SP)

Day Rodrigues é produtora cultural, educadora, escritora e cineasta. Licenciada em Filosofia, pesquisa feminismo interseccional, cultura popular e as histórias das diásporas negras. Dirigiu o documentário Mulheres Negras: Projetos de Mundo premiado nas categorias júri popular e direção no XXI Cine PE – Festival Audiovisual. Em 2018 esteve a frente da residência artística de mesmo nome que ofereceu uma formação audiovisual para um grupo de jovens LGBTTQIA+ negras.

Anthony RIbeiro (Aracaju – SE)

Diretora, roteirista e produtora executiva no curta-metragem O Fio, projeto independente composto por uma equipe completamente afrocentrada e majoritariamente LGBTQI+. Integrou o Janela Crítica do X Janela Internacional de Cinema, onde teceu uma importante crítica aos meios de produção do festival, que fez alterações no ano seguinte. Comissão de seleção da curadoria do VI Recifest – Festival de Cinema da Diversidade Sexual e de Gênero. Estuda Cinema na Universidade Federal de Pernambuco.

Mariana Souza (Aracaju – SE)

Curadora do II FINCAR – Festival Internacional de Cinema de Realizadoras, do III Palco Preto e crítica de cinema. Foi integrante do Janela Crítica no X Janela Internacional de Cinema do Recife e participou do III Talent Press Rio, escrevendo críticas cinematográficas dentro da programação do Festival do Rio. Estudante de cinema na Universidade Federal de Pernambuco, pesquisa gênero, raça, sexualidade e direitos. Sua crítica A Febre Crônica da América foi publicada no catálogo Acorde! O Cinema de Spike Lee em 2018.

Joelma Gonzaga (Salvador – BA)

Produtora executiva, comandou a super produção Prisioneiro da Liberdade novo longa do diretor Jeferson De, que conta a história do abolicionista Luiz Gama. Produziu o longa-metragem Cinema Novo de Eryk Rocha, Todos os Paulos do mundo de Gustavo Ribeiro e Rodrigo de Oliveira, premiado no Festival do Rio, Festival de Havana, X Janela Internacional de Cinema e Panorama Internacional Coisa de Cinema.

Yane Mendes (Recife – PE)

Moradora da favela do Totó, educadora e comunicadora social do Favela News, Yane costuma dizer “A minha câmera é a minha arma” e com ela, transforma e valoriza o lugar de onde veio. É Integrante do MAPE – Mulheres no Audiovisual Pernambuco, fotógrafa e realizadora do curta-metragem Mandala num Compasso Diferente.

Yane Mendes

Renata Martins (São Paulo – SP)

Cineasta formada pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada em Linguagens da Arte pela USP, é criadora do projeto “Empoderadas”. Renata é uma das roteiristas da premiada série Pedro & Bianca, ganhadora do Emmy Internacional Kids Awards 2013 e Prix Jeunesse Iberoamericano 2013. Foi diretora audiovisual na Cia dos Crespos e participou da equipe de roteiro de “Malhação – Viva a Diferença” da Rede Globo

Yasmin Thayná (Nova Iguaçu – RJ)

Cineasta, diretora e fundadora da Afroflix, curadora da Flupp – Festa Literária das Periferias e pesquisadora de audiovisual no ITS-Rio – Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro. Dirigiu, Kbela, premiado como melhor filme no Curta Brasília e AMAA Awards, Batalhas, sobre a primeira vez que teve um espetáculo de funk no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e a série Afrotranscendence.

Glenda Nicácio (Poço das Caldas – MG)

Formada em cinema pela UFRB, Glenda é trabalha como diretora, diretora de arte e produtora executiva. Entre os anos de 2017 e 2018 realizou dois longas, ao lado de Ary Rosa: Café com Canela – Melhor Filme, Melhor Atriz e Prêmio Petrobrás de Cinema na 50ª edição do Festival de Brasília – e Ilha. Ambos os longas foram exibidos no Festival de Brasília, Festival do Rio, Panorama – Coisa de Cinema. É proprietária da Rosza Filmes Produções.

Grace Passô (Belo Horizonte – MG)

Vinda do teatro, seu trabalho de maior repercussão é o monólogo Vaga Carne, escrito por ela, que virou curta-metragem em 2019. Diretora, dramaturga e atriz, Grace foi a homenageada na 22ª Mostra de Cinema de Tiradentes. Protagonizou os longas metragens Praça Paris de Lucia Murat e Temporada de André Novais de Oliveira, e pela sua performance recebeu os prêmios de Melhor Atriz no Festival do Rio e Festival de Brasília, respectivamente.

Cristina Amaral (São Paulo – SP)

Formada em cinema pela USP, Cristina Amaral é montadora. No seu currículo constam mais de 60 montagens cinematográficas. Cristina Amaral é vencedora de prêmios em sua categoria no Festival de Gramado, RioCine e Festival de Brasília. Além de montadora Cristina Amaral, realiza cursos e workshops de Montagem e Edição de Filmes.

Stella Zimmerman (Recife – PE)

Diretora de produção e produtora executiva, Stella vem atuando em diversos projetos do cinema pernambucano há anos. Foi produtora executiva do longa Um lugar ao sol de Gabriel Mascaro, filme premiado no BAFICI e no Festival de Filmes Etnográficos do Rio de Janeiro e diretora de produção do longa A história da eternidade de Camilo Cavalcante.

Camila de Moraes (Porto Alegre – RS)

Primeira mulher negra a lançar um longa metragem comercialmente em 30 anos. O Caso do Homem Errado é o título do documentário dirigido por ela, que conta a história de seu tio Júlio César Melo de Pinto, que foi executado por policiais. O documentário participou do XI Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul, Festival de Gramado e do 9º Festival Internacional de Cine Latino, Uruguayo y Brasileiro.

Catarina Apolônio (Recife – PE)

Especialista em som para cinema e TV pela EICTV – Escola Internacional de Cinema e TV, Catarina trabalha desde 2009 na pós produção de diversos filmes. Compôs o desenho de som de longas metragens como O Som ao redor de Kleber Mendonça Filho, O nó do Diabo de Ramon Porto e Jhésus Tribuzi e Superpina: gostoso é quando a gente faz de Jean Santos. É profissional freelancer e trabalha com edição e finalização de som e imagem, tendo trabalhado em produções brasileiras, cubanas, chilenas, portuguesas, mexicana e angolana.

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